Terminou o pesadelo para o FC Basel, que conquistou novamente a Liga Suiça, depois de oito anos! O emblema, fundado em 1893, garantiu no passado sábado a conquista do 21.º título de campeão nacional, depois de uma goleada no encontro com o FC Lugano.

Depois de passar por uma autêntica travessia no deserto, no que toca à conquista do campeonato, eis que o clube helvético voltou a sorrir. Após múltiplos anos de extrema dificuldade e reestruturação, o FC Basel não conquistava o título nacional desde 2016/17, chegando mesmo a encarar, na época passada, a luta pela manutenção. Pode ler o artigo realizado pelo zerozero, referente a esse período aqui.

Perante tal situação aflitiva em que vivia, o emblema suíço achou por bem recuperar uma das suas mais ilustres figuras do passado: Xherdan Shaqiri - e que bela aposta foi. Com 33 anos, o médio foi o maior protagonista da equipa e participou em impressionantes 40 contribuições para golo (19 golos marcados e 21 assistências), em 35 jogos disputados.

@FC Basel 1893

Quebra de hegemonia e declínio acentuado

Vindo de oito temporadas seguidas a vencer a maior competição de futebol do país, o FC Basel viu quebrada a hegemonia em 2017/18, quando terminou a longínquos 15 pontos do título histórico do Young Boys, que não era conquistado desde 1985/86.

Um acidente de percurso? O pensamento pode ter surgido, mas a realidade é que, após esse desaire, o emblema da cidade de Basileia caiu a pique na classificação.

@FC Basel 1893

Com um preocupante quinto lugar alcançado em 2022/23, a pior classificação do clube desde há largos anos, o impensável de imaginar ainda estaria por acontecer. Com o renovado campeonato suíço em 2023/24, dividido em duas fases (manutenção e campeão), os helvéticos estiveram perto de uma inédita descida de divisão.

Com um declínio acentuado, para uma das massas adeptas mais apaixonadas do país, os sinais eram por demais evidentes. Era necessária uma mudança estrutural.

Com aspirações de fazer melhor, o emblema manteve Fabio Celestini como treinador principal (o terceiro da época transata) e efetuou uma verdadeira revolução no seu plantel, com muitas saídas e entradas cirúrgicas. Os helvéticos viram sair dos seus quadros 19 atletas (entre eles o português Renato Veiga).

Em sentido inverso, 13 novos jogadores ingressaram na formação, sendo um deles Romário Baró, emprestado pelo FC Porto. Ainda assim, o caso de maior sucesso foi o regresso a casa de Shaqiri, diretamente do Chicago Fire.

O retorno do herói para matar a crise

As expectativas estavam baixas, depois de uma das piores épocas desportivas da história do clube, mas a chegada de Shaqiri ao emblema que o formou certamente não passaram despercebidas.

O atleta, que passou por grandes clubes europeus como Bayern München, Internazionale, Stoke City, Liverpool e Lyon regressava ao clube do coração passados 13 anos, em busca de levantar o adormecido gigante helvético.

Com um começo de época tímido, com duas derrotas nas primeiras duas jornadas disputadas, os mais pessimistas estariam a rever o filme da época anterior, mas rapidamente o clube endireitou os seus caminhos. Três vitórias consecutivas no campeonato e um balão de oxigénio para o clube, com Shaqiri ao leme, para relembrar aos colegas os pergaminhos vencedores da história do clube.

@FC Basel 1893

Motivado em acordar o gigante adormecido da cidade de Basileia, o médio de 33 anos está mesmo a realizar a melhor temporada de toda a carreira, dobrando mesmo a segunda melhor prestação enquanto atleta profissional, da campanha de 2012/13, ao serviço dos alemães, quando esteve presente em 20 contribuições diretas para golo.

Depois do susto, e totalmente focado nas competições internas, o emblema terminou a fase regular do campeonato na primeira posição, com seis pontos de avanço para o segundo classificado, Servette, que viria mesmo a ser o primeiro adversário do FC Basel, numa altura em que estava muito perto de voltar a conquistar o campeonato.

Com um estrondoso 5-1, a formação liderada por Shaqiri, que inaugurou o marcador e realizou um hat-trick de assistências, os comandados de Fabio Celestini entravam na Jornada 2 do playoff de campeão apenas a depender de si próprios para a reconquista do título. E assim foi.

Hora de soltar os foguetes!

O clube de Basileia, com quatro jornadas por disputar e a poder sagrar-se campeão, em caso de vitória, goleou de forma categórica o segundo oponente desta fase do campeonato. Shaqiri, com um hat-trick em menos de dez minutos, liderou novamente as tropas e apontou para o objetivo desejado e, por fim, conquistado.

Mesmo em caso de vitória do Servette - que terminou empatado no dia seguinte - o FC Basel continuaria com nove pontos de vantagem, em nove que faltariam disputar. No entanto, a respetiva formação contava com vantagem no confronto direto.

Após uma longa travessia no deserto, eis que o tão esperado momento voltou a concretizar-se, para alegria dos adeptos dos rot-blau, que poderá fazer a dobradinha, caso conquiste a Taça da Suíça. O clube vai disputar a final no próximo dia 1 de junho, frente ao FC Biel-Bienne.

Passada a tempestade, a bonança para o clube e simpatizantes do FC Basel, que puderam voltar a festejar, oito anos depois, a conquista da maior competição de futebol da Suíça. Os apaixonados pelo FCB terão novamente oportunidade de lutar por uma vaga na Liga dos Campeões, através do playoff.

Recorde-se que o protagonista deste conto não marca presença na competição desde o ano fatídico da perda da hegemonia interna, ainda que com a histórica presença (de má memória para o Benfica) nos oitavos de final da prova.

*com Jorge Ricardo