Os bons médios são cada vez mais raros de encontrar. É no miolo do terreno que normalmente se trabalham as grandes jogadas, se planeiam as investidas contra o adversário, sendo os médios os obreiros e os pensadores de tudo isto. Jogar no meio-campo não é de todo fácil, porque exige capacidade de compromisso de causa, exige uma atenção superior a todos os aspetos do jogo e exige energia para estar em constante movimento.

A grande prova de que os bons médios são difíceis de encontrar é que, hoje em dia, os clubes pagam pequenas fortunas para contratar jogadores de meio-campo quando estes se começam a destacar nos seus clubes. E é claro que isto não acontece por simples ostentação ou desejo de ter o que os outros não têm. Isto acontece como jogada de antecipação à concorrência que existe por estes jogadores quando se destacam em tenra idade, porque hoje em dia, os grandes jogadores não ficam muito tempo nos seus clubes.

O futebol evoluiu e as equipas “perderam a paciência” para esperar por alguém que pode ou não vir a ser um craque, mas que demonstra capacidades para isso. As equipas pagam valores astronómicos sem medos, apenas com a garantia de que aquele jogador pode vir a ser algo mais, ainda antes de o ser.

Mas passando ao que realmente interessa neste artigo, o potencial é muitas das vezes um grande sinal de que algo enorme está por vir, e quando vem, é como se uma lagarta se transformasse em borboleta, é algo que a natureza produz de uma forma leve e espontânea. Christos Mouzakitis personifica na perfeição esta leveza e espontaneidade que falava, e traz tudo isso para o seu jogo, num grande como o Olympiakos, onde se tem afirmado sem nenhumas reservas.

Mouzakitis não é um jogador com 21 ou 22 anos, que já está debaixo dos radares dos grandes europeus há algumas épocas, trata-se “apenas” de um miúdo de 18 anos que vem a ganhar espaço na equipa do Pireu. Vencedor da UEFA Youth League pela equipa grega, o jovem médio traz ao jogo uma enorme qualidade de passe e remate de longe, sendo um batedor exímio de bolas paradas.

Sempre à boleia do seu pé esquerdo, as principais características de Mouzakitis são a visão de jogo bastante aguçada para a sua tenra idade, o passe longo, a capacidade que tem em ocupar o espaço à sua volta. Tudo isto para além de ser muito forte no capítulo do desarme e da antecipação aos seus adversários.

Esta época, Mouzakitis realizou uns impressionantes 35 jogos pela equipa principal do Olympiakos, e dois jogos pelos sub 19 do conjunto de Atenas. Está-se a começar a escrever história na Grécia, isto porque há bem pouco tempo, trouxe outro nome que também compõe o leque de opções do Olympiakos, Charalampos Kostoulas. Este jovem faz parte precisamente da mesma geração de Mouzakitis, e que faz do futebol grego uma autêntica montra viva de talento para servir os grandes da Europa.

Não tenho a mínima dúvida que estes dois jovens valores vão chegar a outros patamares a curto prazo. Não só pela sua idade, mas essencialmente pelas suas características e pela tal irreverência que trazem ao jogo, em duas posições absolutamente cruciais e onde as opções, para além de escassas, se estão a tornar cada vez mais caras.