
O registo maior da última jornada da Liga 3 foi, sem sombra de dúvida, a subida de divisão do Lusitânia de Lourosa. O emblema aveirense recebeu e venceu (2-1) o 1º Dezembro e, dessa forma, carimbou a presença no segundo escalão nacional na época 2025/2026.
Será a primeira vez em 101 anos de história que os lusitanistas irão marcar presença nos campeonatos profissionais – na época 1987/1988 haviam pontificado pela última vez na antiga II Divisão B. Os corticeiros – liderados por Hugo Mendes (presidente), coordenados por Nuno Correia (diretor geral) e orientados Pedro Miguel (treinador) – escreveram uma das mais gloriosas páginas do seu centenário percurso no futebol português.
E tal como em toda a estrutura houve méritos repartidos, também dentro do relvado os destaques emergiram. Em várias fases da temporada – que foi claramente de menos a mais – foi necessário que elementos preponderantes dessem a cara dentro das quatro linhas – leia-se, sobressaíssem dos demais nas alturas em que a equipa mais precisava – e um dos que ajudou o coletivo a tocar o céu foi Dylan Collard.
Por ser um defesa-central, raramente andou nas bocas do mundo. Mas a verdade é que o camisola 4 foi de uma segurança incrível e muitas vezes a voz de comando para os restantes companheiros. Sob a sua égide, o último reduto defensivo do Lusitânia de Lourosa – numa linha de três centrais nos primeiros tempos e que passou, depois, ao sistema de quatro defesas – estabilizou com o passar das jornadas e a equipa apresentou uma solidez à retaguarda que potenciou o sucesso do meio-campo para a frente.
Do alto dos seus 2,01 metros (!), o gigante nascido na Austrália e que tem também nacional portuguesa e mauriciana – é, inclusivamente, internacional pelas Ilhas Maurícias, seleção ao serviço da qual contabiliza 13 jogos e um golo – está na melhor fase da carreira e na presente campanha leva já 32 encontros, cinco tentos apontados e duas assistências.
Depois de ter dividido a formação por Benfica, Casa Pia, Esperança de Lagos, Nacional, Belenenses e Tondela, Dylan Collard passou por Lusitano de Vildemoinhos, Stal Rzeszów (Polónia) e Marítimo, chegando este ano aos leões de Lourosa para… voar. Aos 25 anos, merece, no mínimo, a Liga 2, mas as credenciais apresentadas – forte na marcação, implacável no jogo aéreo (defensivo e ofensivo) e sentido posicional interessante para controlar a profundidade – podem vir a dar-lhe ainda mais asas…
Elias Franco. Impressionou na época passada, ao serviço do Amarante, repetiu a dose esta temporada, com a camisola do Atlético. O avançado brasileiro de 28 anos, leva 16 golos (uma assistência) em 29 jogos e se fosse por ele havia ainda mais festa na Tapadinha. A subida de divisão já parece ser uma miragem, mas Elias foi (mesmo) Franco desde o início: desatou a marcar golos e confirmou outras competências, como a explosão para invadir os últimos redutos contrários e a qualidade nas movimentações sem bola. Está com 28 anos e ainda a tempo de algo mais.
Leandro Silva. Enamorou-se por Coimbra e já vai na terceira passagem pelo clube. Formado no FC Porto, o antigo internacional jovem e olímpico por Portugal teve uma carreira preenchida dentro e fora de portas e cumpre a segunda temporada consecutiva ao serviço da Briosa, onde é um dos capitães. Médio muito combativo e útil nos processos defensivos, destaca-se pela forma inteligente como inicia o processo de construção, fruto da sua superlativa qualidade de passe. A tudo isso ainda alia uma meia distância de excelência. São 31 anos repletos: sabe tudo do jogo.
Ricardo Apolinário. O médio, que ontem completou 26 anos de idade, foi um dos faróis do União de Santarém. Tal como tinha sido na temporada passada. Já igualou o número de golos (7) que tinha apontado em 2023/2024, mas em menos jogos (28/32). Formado no Salvaterrense e no Alverca, jogou duas épocas no Coruchense antes de chegar ao emblema de Santarém. É um centrocampista que sabe os terrenos que pisa, com preponderância na ligação defesa-ataque e com facilidade de galgar metros no terreno e chegar a zonas de finalização. A Liga 3 já é (demasiado) curta…