Numa semana em que defronta o Bayern Munique na jornada 4 da fase regular da Liga dos Campeões, o Benfica partilhou uma entrevista dada por Bruno Lage à UEFA. Descrevendo o que os encarnados significam para si passando pelas ambições na Champions, o treinador das águias foi instado, entre outros temas, a falar de uma "equipa de sonho de vencedores" da liga milionária e a eleger um "cinco ideal".

"Se a memória não me atraiçoa, eu já treinei cinco: quatro da formação do Benfica – Ederson, João Cancelo e Bernardo Silva – e dois no futebol profissional – o Rúben Dias, que também faz parte da formação, e, na presente época, o Di María. Depois, olhando para um cinco ideal, não me posso esquecer do nosso presidente Rui Costa e do Cristiano Ronaldo. Tenho sete, tenho de escolher cinco… Eu, como sou um treinador de ataque, e até jogo com um guarda-redes que até me marcou aqui golos quando jogava comigo nos sub-17, começo com o Ederson na baliza, mas também a jogar a defesa-central; Rúben Dias como defesa; o número 10, o Maestro Rui Costa a jogar no meio-campo; e depois dois homens na frente, Cristiano Ronaldo e Di María. Vou optar por estes. Sou treinador de ataque, então vou optar por estes cinco, mas com um enorme orgulho na carreira dos meninos que saíram daqui, que jogaram na equipa principal e que venceram a Liga dos Campeões", afirmou.

Trabalho: "Obcecado pelo trabalho e pelo controlo das coisas. A este nível, não sei se obcecado é a palavra certa, mas alguém que quer controlar e que quer ter o maior número de informação possível para depois poder perceber e identificar – naquilo que são os nossos passos de treino com os atletas ou as nossas intervenções diárias com os atletas – que tipo de informações é que eu posso passar para os ajudar a vencer jogos. E, neste sentido, há duas situações nas quais eu quero ter o maior controlo possível. A primeira é na preparação e na evolução da minha equipa, ou seja, eu conhecer muito bem os meus jogadores, o que é que eles podem dar à equipa, de que forma é que eu os posso estimular para eles continuarem a crescer, e que rendimento é que eles podem dar à equipa, fazer a equipa crescer naquilo que eu acho que é a forma que eu mais gosto de ver uma equipa a jogar. E depois, no outro lado, a preparação dos jogos. Conhecer ao detalhe os nossos adversários, como atacam, como defendem, para depois selecionar aquilo que eu acho que tenho de selecionar para ser específico para, a cada momento, a equipa poder estar preparada para competir e vencer os jogos."

Rotina: "Longe dos treinos, não do futebol. A nossa profissão a isso obriga. Enquanto estive fora, até por opção, recebi alguns convites com os quais eu me senti muito honrado, mas senti que em determinada altura tinha de esperar pelo projeto certo. E assim aconteceu. Um projeto que estimulasse o melhor de mim, que me proporcionasse voltar a colocar uma equipa a jogar o jogo que eu gosto, e, claro, com a ambição de vencer títulos. E, nesse período, estabeleci uma regra – porque já tenho dois meninos [filhos], um com nove, que é o Jaime, e o Manuel com quatro anos – em que durante o fim de semana não haveria futebol, porque a minha concentração e o tempo disponível seria para eles, mas que de segunda a sexta-feira, aí, sim, com eles na escola, eu poderia ter o tempo que eu gosto de ter para fazer diversas coisas. Uma delas é olhar para os jogos que me interessam, que passaram durante o fim de semana, em função do resultado, ou do sistema, ou do treinador, ou de como é que o jogo decorreu, e poder observá-lo durante a semana com mais calma e perceber o que é que se pode ter passado naqueles jogos. São sempre situações muito interessantes. Gosto também de ter algum tempo para olhar para aquilo que foi feito no passado, fundamentalmente à nossa forma de treinar, a exercícios, como é que podemos melhorar. E depois gosto muito de ler e ver documentários sobre aquilo que são dinâmicas de equipa, por isso confesso que vi muitos documentários sobre dinâmicas de equipa de outros desportos, não só do futebol. Acabei por ler muita, muita coisa sobre futebol, sobre estratégia, sobre comunicação, sobre liderança, enfim… Foi um tempo muito bem preenchido, e quando não estamos a trabalhar diretamente no futebol temos de o saber preencher. Uma coisa que também foi interessante foi nós, enquanto equipa técnica, criarmos uma dinâmica de nos encontrarmos mais vezes e podermos discutir situações sobre tudo noutro ambiente, ou a praticar desporto, ou num almoço, onde podemos ter a capacidade de trazer para a mesa assuntos interessantes e poder discuti-los. Isso foi também um momento para nós estarmos mais juntos enquanto equipa técnica."