
O voto de confiança dos dirigentes do Manchester em Ruben Amorim continua a ser assunto em Inglaterra. Carragher, antigo defesa-central do Liverpool, refletiu sobre o assunto num extenso artigo de opinião no 'Telegraph', no qual admitiu que esperava mais do treinador português, apesar de os red devils terem contratado um treinador que opta por um sistema de três centrais.
"Durante a análise de uma campanha terrível, alguém na direção do Manchester United terá de ter a coragem de fazer a pergunta mais difícil: 'Teremos escolhido o treinador errado na altura errada'", começou por escrever. "Agora que os seis meses de Ruben Amorim correram tão mal, Ratcliffe e os seus colegas da Ineos vão precisar de um plano decisivo para fazer o clube atravessar o período mais difícil da história moderna do United. A sua grande preocupação deve ser o facto de, até ao momento, não terem visto absolutamente nenhuma prova que sugira que ele está à altura do desafio. Assim sendo, apoiar Amorim este verão pode ser a opção mais honrosa, mas não é necessariamente a mais corajosa. Seria conveniente para todas as partes que o treinador desse um aperto de mão e se afastasse de Old Trafford? Muitas pessoas no mundo do futebol considerariam que esse seria algo mutuamente benéfico", questionou.
Jamie Carragher lembrou que Ruben Amorim opta por um sistema de três centrais: "Todos os clubes que observaram Amorim e o 'seu' Sporting sabiam que ele usava o sistema de três centrais. O United teve de avaliar se o plantel que Erik ten Hag deixou era adequado ao estilo de Amorim. Agora, são acusados de acreditar que Amorim podia acenar com uma varinha mágica e fazer tudo funcionar. Tal como disse na altura da saída de Ten Hag, é extraordinariamente míope que o United tenha mantido e apoiado financeiramente um treinador que joga com quatro defesas, para depois o despedir a 11 jogos do campeonato e nomear alguém com uma equipa muito diferente. Amorim disse que teria preferido esperar até ao verão para se juntar ao Manchester United em vez de o fazer em novembro passado, pois percebeu que havia mais riscos do que herdar o plantel de outra pessoa, que não tinha o perfil de futebolista de que precisava. Deve estar a desejar ter seguido esses instintos iniciais".
Ainda assim, o antigo internacional inglês confessou que esperava mais do treinador português: "Isso não o isenta da responsabilidade pela situação da equipa. Os adeptos do United têm o direito de esperar muito mais, tendo em conta o seu desempenho em Portugal. O United é uma equipa fraca, mas em 16.º lugar na Premier League? É má, mas não assim tão má (...). As estatísticas são contundentes. Dos 26 jogos disputados por Amorim em todas as competições contra os outros 16 clubes da Premier League que mantiveram o seu estatuto de primeira divisão, só ganhou três - vitórias contra o Everton e o Fulham e uma vitória tardia extremamente feliz sobre o Manchester City. Com todo o respeito, se o United tivesse nomeado o seu treinador dos escalões jovens, a situação não teria sido pior. As tão esperadas inovações tácticas e o desenvolvimento dos jogadores mais jovens foram inexistentes. A única estratégia de mudança de jogo bem sucedida que Amorim ofereceu foi a de colocar Harry Maguire na frente nos últimos minutos dos jogos europeus. Na maior parte dos clubes, isso colocaria o seu emprego em risco. No United, a direção parece ser mais compreensiva do que implacável, mas isso não vai durar se não houver sinais de melhoria após uma pré-época completa".