O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer também a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.

Já retirado, Gustavo Ribeiro conta com um vasto currículo internacional, isto na medida em que passou por oito países no estrangeiro enquanto jogador de futebol. Da primeira experiência fora de portas, no caso nos alemães do Siegen, o antigo atacante guarda algumas histórias curiosas.

«Tive um episódio logo nos primeiros treinos que fiz com a equipa principal, num exercício em que estávamos a fazer jogo em campo reduzido. Era um cinco para cinco, eu pedi a bola ao guarda-redes, fui para cima dos quatro jogadores de campo, driblei-os e, à saída do Masic, guarda-redes que tinha quase dois metros, faço-lhe um chapéu. Só pensei 'Rebentei-os todos', mas o treinador [Hans Bongartz] parou o treino e chamou-me. Percebi logo que estava lixado», começou por contar, indo mais longe:

«No Siegen tínhamos um campo relvado, depois tínhamos três sintéticos e já muito lá ao fundo tínhamos outro campo relvado. Ou seja, para chegarmos ao segundo campo relvado tínhamos de andar para aí 1,5 km. O treinador só me disse "Estás a ver aquele saco de bolas? Vais agarrar nesse saco, vais para o outro campo relvado e vais jogar sozinho com as 20 bolas". Estive lá a chutar sozinho durante uma hora; passado esse tempo ele chamou-me e disse-me que, a partir do dia seguinte, estava a treinar com a equipa de reservas.»

De resto, todo o processo de adaptação a uma nova realidade, isto numa altura em que tinha 20/21 anos, foi complicado para 'Guti'.

«Na altura não sabia cozinhar e era bem mais difícil porque não havia YouTube nem tutoriais como há hoje. Recebi um apartamento enorme que era do meu antigo treinador. Ele tinha deixado lá centenas de DVDs de jogadores que ia observando e, como eu não tinha nada para fazer e não percebia alemão, no início punha-me a ver esses mesmos DVDs. Ainda tentei levar os meus pais, mas o clube disse-me que era difícil dar-lhes trabalho porque não falavam alemão; para além disso, eles tinham trabalhos estáveis em Portugal. Chorava muitas vezes à noite», rematou.

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