A final four da Liga dos Campeões decorre este fim de semana no Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos, com Benfica, FC Porto, OC Barcelos e os espanhóis do Noia a procurarem a glória europeia. Os treinadores das quatro equipas destacam o trajeto até esta fase da prova, mas também não escondem a ambição.

Edu Castro, treinador do Benfica

Momento mais importante: O momento mais importante na competição foi, sem dúvida, o jogo fora de casa nos quartos de final. Trouxemos uma vantagem curta de Reus e tínhamos de ganhar o jogo em casa para discutir a final four. Fizemos uma fase de grupos muito boa, com um empate algo anedótico. Esse jogo em casa do Reus foi decisivo, permitiu-nos estar aqui. Mas todo o caminho foi importante para estarmos aqui a lutar pelo título, que é sem dúvida aquele que mais entusiasma no contexto europeu.

Importância da experiência acumulada neste tipo de jogos: Para o Ricardo [Ares, treinador do FC Porto] essa experiência de ter ganho será mais importante, porque foi apenas há dois anos. Eu ganhei há sete. A experiência é a forma como vives as coisas e a forma como te prepara para situações futuras. Desse ponto de vista, não só já ter estado nesta competição várias vezes, mas também poder ter desafios intensos todas as semanas como acontece na Liga portuguesa, dá-te essa experiência. Termos jogado já duas vezes, o rival pode ser o mesmo, mas os jogos serão muito diferentes. Digo sempre que os jogadores são os que tomam mais decisões, depois os árbitros e depois os treinadores. Esses são os verdadeiros protagonistas do jogo e diria que todos temos de tomar decisões no sentido de conseguir que a nossa equipa esteja melhor que a outra. Não é só uma questão tática, mas também mental e de qualidade individual. Esperamos um grande espetáculo e esperamos acertar mais que os adversários. Estes jogos dependem de pormenores muito importantes.

Clássico mais especial nesta competição: A grande responsabilidade do nosso trabalho é que podemos oferecer emoções. Num Benfica-FC Porto pode fazer feliz muitas mais pessoas. É verdade que também podemos fazer com que muitas outras não sejam felizes, mas temos de nos focar nos nossos adeptos. Essa é a verdadeira pressão deste jogo. Saber que há muita gente a desejar que a sua equipa ganhar. Sendo nesta competição, a pressão e a responsabilidade aumenta. É um jogo especial e ainda mais especial numa competição especial. Que seja um grande jogo e um fenomenal espetáculo desportivo. Não há favoritos. O jogo de amanhã é especial, mas dá acesso a outro ainda mais especial.

Semana de preparação: A conversa é muito mais sobre emoções, do que sobre tática. A tática é trabalhada durante o ano, há detalhes a rever, mas o que se repete mais é emoções, controlo mental. Sabemos que em jogos destes há momentos de todo o tipo e temos de ter todos os jogadores preparados para isso. Não é preciso motivar ninguém para um jogo destes. É preciso encontrar a chave comunicativa, desde a surpresa à intuição, para entrar bem no jogo e perceber o que vai acontecendo

Ricardo Ares, treinador do FC Porto

Houve dois momentos importantes: A nossa fase regular foi muito difícil e tivemos um jogo em Barcelona que era vital para nós na classificação. Nos quartos de final, tínhamos uma 2.ª mão fora de casa contra uma Oliveirense muito forte e penso que esses foram os momentos mais decisivos. Agora vamos enfrentar as meias-finais e estamos contentes porque este é, para mim, o título mais importante da modalidade. Temos muita vontade de chegar à final.

Importância da experiência nesta competição: Evidente que as experiências anteriores são muito importantes para analisar e perceber como correram as coisas e tentar sempre melhorar. Como digo aos meus jogadores, o passado apenas serve para preparar o presente da melhor maneira. Um FC Porto-Benfica decide-se em pormenores, no controlo emocional e penso que ter estado noutras final four, vir vitórias ou derrotas no confronto direto de nada vai servir amanhã. Devemos acumular as experiência para tentar corrigir erros e tentar dar uma melhor versão.

Clássico mais especial nesta competição? Já levo quatro temporadas cá e obviamente que um FC Porto-Benfica é diferente dos outros jogos. Se tem mais importância? Creio que sim, porque penso que é o título mais desejado. Um FC Porto-Benfica envolve muitas emoções vindas de fora e nós encaramos esses jogos sempre com algo mais. Espero que os atletas mostrem isso em campo e que também desfrutem, porque muito gente gostaria de jogar estas meias-finais. Temos a possibilidade de conquistar um título muito importante.

FC Porto mais pressionado pela falta de troféus? O FC Porto tem obrigação de tentar conquistar todas as competições em que entrar. Esta época esta a ser assim, temos esta competição e o campeonato para ver como acaba.

Semana de preparação: Taticamente, esta semana é semelhante a qualquer jogo de campeonato. Concordo com o Edu que estes são jogos com muitos jogos dentro do jogo. Podes entrar mal ou bem, nada está garantido no arranque do jogo, nem ao intervalo. Competir bem nesses micromomentos é o que vai marcar a diferença. Com qualquer uma destas quatro equipas, quando cometes erros, a probabilidade de sofrer é alta porque há jogadores de muita qualidade. A parte emocional é por isso vital para mim.

Rui Neto, treinador do Óquei Barcelos

Momento mais importante na caminhada: O jogo mais importante foi os quartos de final, porque nos deu acesso à final four, mas diria que o jogo mais decisivo na caminhada do Óquei de Barcelos foi o primeiro jogo da fase de grupos, com uma vitória em casa do Ricardo [Ares, treinador do FC Porto], que nos permitiu arrancar para uma fase de grupos muito boa e fazer o que já fizemos até agora. Chegamos aqui com mérito. Não sei se seremos as quatro melhores equipas, mas com certeza que seremos as que mais fizemos para cá estar. Desfrutar do momento, que será certamente magnífico.

Maior pressão sob o Barcelos: É apenas uma pressão exterior. Ficámos em 1.º do nosso grupo e fizemos mais dois pontos que o Noia, mas empatámos os dois jogos. Neste jogo há 50 por cento de probabilidades para cada equipa ganhar. Apesar daquilo que foi a fase de grupos e de termos aqui o nosso público, dentro da pista são cinco contra cinco e as probabilidades são exatamente as mesmas. É dessa forma que encaramos.

Único treinador português: Não sinto nada de especial. Cada um está no seu clube pela qualidade que tem. Sinto um orgulho pelo clube que represento, por aquilo que represento no Hóquei em Patins neste momento e é um orgulho estar aqui.

Empate nos dois jogos da fase de grupos. O que pode fazer a diferença? Falámos os dois antes da conferência, que o nível está tão alto e igualado, que em qualquer um destes jogos, o pormenor e o detalhe é o que fará a diferença. O resultado foi exatamente em Barcelos e em Noia, portanto vai depender muito da forma como o jogo correr e do controlo emocional que cada equipa para tomar as melhores decisões nos melhores momentos.

Semana de preparação: Não é fácil chegar a esta fase e acrescentar alguma coisa. Temos de fazer perceber aos atletas que chegamos aqui com muito mérito, como qualquer uma destas equipas, o trabalho teve de ser muito bem feito. Temos de saber gerir a parte emocional, porque é diferente nestes jogos. Todos ambicionamos estar aqui, tanto jogadores como treinadores. Portanto, é preciso esse controlo emocional e travar alguma euforia em exagero. Se não formos humildes, rapidamente perdemos o foco e perdemos a identidade e essência.

Carlos Cortijo, Noia

Momento mais importante na caminhada: Creio que tivemos vários momentos importante e não apenas um, mas o ponto de viram foi o ponto que conquistámos na casa do Barcelos. Fez com que a equipa percebesse que podia competir com os melhores clubes da Europa. Depois, tivemos uma eliminatória complicada com o Trissino nos quartos de final, conseguimos ganhar em casa com os nossos adeptos e muita emoção. Para o povo e para o clube foi muito importante

Oportunidade para o Noia: É um orgulho estar aqui entre os melhores treinadores e clubes. Vimos com humildade e muito respeito pelo Barcelos, que venceu o grupo, mas também a confiança pelos resultados que conseguimos. Somos o Noia e estamos aqui por uma razão. Vimos com muita energia, com muita gente e encaramos o jogo com muito otimismo. Prepara-se o jogo com muitas horas de análise de vídeo, mas este é um desporto 100% dos atletas. Os treinadores trabalham muito taticamente e damos muita informação, mas se a bola entra ou vai um palmo depende só dos jogadores.

Equipa espanhola entre portuguesas: É um orgulho estar entre os melhores. Os clubes portugueses são top, mas queremos viver este momento e desfrutar. É um prazer estar rodeado de tanta gente importantes, treinadores e clubes de topo. Sentimos emoção e queremos competir até final.

Empate nos dois jogos da fase de grupos. O que pode fazer a diferença? Serão os detalhes e o controlo emocional. Há muitos pormenores que podem fazer o jogo cair para um lado ou para outro.

Semana de preparação: Taticamente já está tudo trabalhado. Temos de tentar transmitir essa paixão e esse controlo emocional para saber enfrentar os momentos difíceis. Temos de nos focar no nosso trabalho e não nos influenciarmos por fatores externos, seja o público, alguma decisão de arbitragem ou com golos. É nos momentos de crise que se percebe que a equipa está bem trabalhada.