Enquanto a estrutura acionista das sociedades anónimas na Liga vai abrindo portas à entrada de investimento estrangeiro - mostrando-se pouco sensível a experiências fracassadas ou desastrosas verificadas com outros clubes num passado em nada distante -, os três grandes continuam a viver na sua realidade, ou seja, detendo a maioria do seu capital social, longe de controlo alheio, estrangeiro ou não. Contudo, há quem defenda que a solução para atingir o sucesso - ou recuperá-lo - passa exatamente por uma mudança de paradigma. O caso do FC Porto surge como o que maior foco de discussão gera, atendendo à derrocada financeira dos dragões e à consequente perda de capacidade competitiva. Miguel Sousa Tavares, portista indefetível e colunista de Record, defendeu essa mesma ideia há poucas semanas. "Se o FC Porto quiser, já não digo ombrear com os verdadeiramente grandes da Europa, mas apenas bater-se de igual para igual com os seus rivais portugueses e não fazer má figura na Europa, é altura de enfrentar as coisas como elas são e assumir a única solução possível: colocar-se à venda. Sim, procurar um parceiro que compre a maioria ou parte substancial das acções da SAD e que tenha envergadura financeira e vontade de reconstruir uma grande equipa para servir um grande clube", considerou.

Recorde-se que os portistas são, bem entendido, detentores da maioria do capital social da SAD (74,59%), sendo o empresário, ex-jogador e antigo treinador António Oliveira o maior acionista individual, com 7,34% das ações.

Leão reforçou participação

A viver uma fase de estabilidade financeira, o Sporting aumentou a participação na SAD: tem agora quase 88% do capital social, depois de converter valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis (VMOC) em acões ordinárias da Sporting SAD. O empresário angolano Álvaro Sobrinho, principal acionista minoritário reduziu a posição para 9,901%. De salientar que os três grandes obedecem a regras mais apertadas em termos do mínimo que devem deter da sociedade anónima.

'Rei dos Frangos' pode vender ações no Benfica

Do outro lado da Segunda Circular, o Benfica é detentor de 66,98% do capital social da SAD, tendo um acionista minoritário com espaço mediático: José António dos Santos. O empresário conhecido como 'Rei dos Frangos' tem uma presença de 16,38% no capital da sociedade encarnada, mas afirmou publicamente que recebeu uma proposta recente para venda da sua participação. Contudo, não se trata do grupo norte-americano Lenore Sports Partners, que adquiriu cerca de 5% das ações.