Foi por muito pouco que Portugal não garantiu a manutenção na I Divisão do Campeonato da Europa Masculino de Sub-18 por Equipas, o torneio da Associação Europeia de Golfe (EGA), que a Federação Checa de Golfe organizou no Golf Resort Kaskada Brno.

Um ano depois do brilhante 3.º lugar na II Divisão, na Polónia, a seleção nacional masculina de juniores regressou à I Divisão pela primeira vez desde 2022 e tinha como grande objetivo a manutenção.

Com uma equipa renovada, o selecionador nacional, Afonso Girão, esteve perto de atingir esse alvo, dado que, no último dia de prova, o confronto com a Escócia iria decidir que país ocuparia os 13.º e 14.º lugares entre 16 países, com o 14.º posto a implicar a relegação ao escalão secundário em 2026.

Com as duas equipas empatadas com 2 vitórias para cada lado, havia ainda um duelo em campo e os 18 buracos regulamentares não foram suficientes para coroar um vencedor.

O 'press officer' da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), José Manuel Castro Martins, descreveu bem a situação: "O encontro de singulares entre Oli Blackadder e Bernardo Costa Pinheiro foi decidido apenas no 24.º buraco e foi favorável ao jovem das Highlands".

Foram seis (!) emocionantes buracos extra, numa morte súbita de cortar a respiração, mas, no final, a Escócia voltará à I Divisão em 2026, enquanto Portugal irá para a II. Há um ano, ambas as nações tinham sido promovidas, com a Escócia no 2.º lugar e Portugal no 3.º no Europeu da II Divisão.

O 45.º 'European Boys' Team Championship (Jean-Louis Dupont Trophy)' contou com 16 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Escócia, Finlândia, França, Inglaterra, Irlanda, Noruega, País de Gales, Países Baixos, Suécia e Suíça, Chéquia e Portugal.

O Golf Resort Kaskada Brno fica a 15 quilómetros de Brno e conta com 27 buracos, desenhados por Keith Preston. Fica num vale entre as localidades de Kurim e Jinacovice e a sua principal característica é ter 13 lagos e a água estar constantemente em jogo.

Nos dois primeiros dias, jogou-se uma primeira fase em 'stroke play' (por pancadas), sendo contabilizados para a classificação de cada dia os cinco melhores resultados individuais, de um total de seis jogadores por cada formação.

No final dessa primeira fase, o top-8 foi agrupado no 'Flight-A' para decidir as posições entre o 1.º e o 8.º lugar e os restantes conjuntos foram para o 'Flight-B' para decidirem as classificações entre os 9.º e 16.º lugares, sabendo que os três últimos países iriam descer de divisão. Essa segunda fase foi jogada em 'match play' (confronto direto).

A representação nacional foi liderada pelo selecionador Afonso Girão, também ele um antigo internacional luso de sub-18, e contou com uma novidade, a integração de Luís Almeida, o 'mental coach' da FPG.

Os jogadores foram João Crasi Alves e Martim Pinto Johansen (ambos do Clube de Golfe de Vilamoura), Afonso Rui Oliveira (PGA Aroeira), Bernardo Costa Pinheiro, Diogo Rocha e Luís António Silva (todos do Oporto Golf Club).

Todos estes jogadores estrearam-se na I Divisão do Europeu de sub-18, mas Oliveira e Rocha tinham competido em 2024 no brilhante 3.º lugar na II Divisão. Para Rocha foi a terceira convocação consecutiva, pois jogara também a II Divisão em 2023.

Luís António Silva é o atual campeão nacional de sub-18, Martim Pinto Johansen o vice-campeão nacional de sub-16 (e foi campeão nacional de sub-14 em 2024), Diogo Rocha foi o campeão nacional de sub-18 de 2024, Afonso Rui Oliveira o vice-campeão nacional de sub-18 em 2024.

Portugal concluiu a primeira fase no 14.º lugar com 776 pancadas, 56 acima do Par, após jornadas de 385 e 391.

Na tabela individual, Luís António Silva (76+76) e Bernardo Costa Pinheiro foram os melhores portugueses, na 40.ª posição, entre 96 jogadores, empatados com outros três atletas, todos com 152 (+8).

Na segunda fase, integrado no 'Flight-B', Portugal começou por perder com o País de Gales, por 1-4, o que significou que não não poderia aspirar aos 9.º, 10.º, 11.º e 12.º lugares, aqueles que asseguravam logo a manutenção.

Depois, a seleção nacional masculina de sub-18 bateu a Finlândia por 3,5-1,5 e assegurou o objetivo principal até ao momento que era o duelo de atribuição dos 13.º e 14.º postos, com os olhos no passaporte que significaria o 13.º lugar.

Veio, então, o balde de água fria no último dia de prova, com a derrota tangencial frente à Escócia por 3-2.

Embora o objetivo da manutenção não tenha sido alcançado, há alguns aspetos positivos a retirar desta equipa renovada, a começar pelo facto de quatro dos seus seis membros terem conseguido pelo menos uma vitória, para além de, na primeira fase, dois portugueses terem estado na metade superior da tabela classificativa.

É impossível não encarar Luís António Silva como a grande figura de Portugal, pois terminou invicto nos confrontos diretos: derrotou o galês Harry Thomas por 3/1, bateu o finlandês Rasmus Lindberg por 2/1 e vergou o escocês Aidan Lawson por 3/2. Três vitórias em três duelos. Nenhum português ou portuguesa fez melhor nos três Europeus que foram disputados em simultâneo.

João Crasi Alves também teve um desempenho positivo com uma vitória e um empate: empatou com o finlandês Joel Himanen e impôs-se ao escocês Brodie Cunningham por 1Up. Esta vitória permitiu, aliás, a Portugal manter-se vivo até ao último confronto do torneio.

Os outros dois portugueses a registarem uma vitória foram Bernardo Costa Pinheiro sobre o finlandês Daniel Heimonen por 3/2 e Afonso Rui Oliveira sobre o finlandês Konsta Jutila por 1Up.

Desde que, em 2012, a EGA decidiu criar uma II Divisão, Portugal participou por cinco vezes na I Divisão, já incluindo 2025.

A melhor prestação de Portugal neste torneio aconteceu em 2008, na Eslovénia, quando a superequipa de Ricardo Melo Gouveia, Pedro Figueiredo, José Maria Jóia, Miguel Gaspar, João Carlota e Tiago Rodrigues terminou no 4.º lugar (meias-finais do 'Flight-A') entre 20 países!

O 45.º Campeonato da Europa Masculino de Sub-18 por Equipas ficou em casa, dada a histórica vitória da Chéquia, o seu primeiro título na competição e, mais ainda, o primeiro triunfo de países do leste europeu ou de nações que integraram o chamado Pacto de Varsóvia.

Na Final, a Chéquia bateu a França, por 5-2. Nas meias-finais tinha derrotado a Suécia por 4-3 e nos quartos-de-final impusera-se aos Países Baixos por 4-3.

Já na primeira fase, a Chéquia tinha sido a primeira classificada, com 724 pancadas (367+357), +4, com 10 pancadas a menos do que a França. Nenhum país bateu o Par do campo.

Individualmente, o melhor jogador foi o suíço Yannick Beeli com 140 pancadas (67+73), -4. As três posições seguintes foram ocupadas por atletas da equipa anfitriã. Só houve 5 jogadores abaixo do Par.

A EGA, numa nota final, chamou a atenção para uma questão relevante - a rotação de campeões nos últimos tempos neste escalão muito especial de sub-18: "Sete países diferentes venceram as últimas 11 edições, Inglaterra, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Espanha, Itália e Chéquia".