
Bruno Lage chegou desanimado à sala de conferências. Não era de esperar outro semblante por parte do treinador do Benfica, minutos depois de ter perdido a final da Taça de Portugal. A conversa com os jornalistas foi, compreensivelmente, curta.
- Que análise faz a esta derrota?
- Em primeiro lugar, dizer que tenho enorme orgulho nos meus jogadores, que cumpriram à risca tudo aquilo que tínhamos planeado e traçado para esta final. Tenho orgulho enorme de treinar esta equipa. Depois, dizer que foram 45 minutos mais 45 minutos mais os 9 minutos e 30 segundos dados na segunda parte e fomos, claramente, a melhor equipa em campo. Porém, permitimos uma transição do Sporting que originou o lance do empate. Acho que criámos várias oportunidades para marcar. Por fim, não queria falar de arbitragem, mas há dois dias vi a conferência do senhor árbitro e ele fez questão de dizer que o mais importante era nós olharmos para quem quer o nosso trabalho e não em falar do árbitro. Mas hoje tenho que dizer que ele errou. Se quer manter o critério de dar um amarelo ao Samuel [Soares], tem que manter esse critério ao longo do jogo. Acho que há claramente um segundo amarelo que fica por mostrar ao capitão do Sporting e acho que há claramente uma situação muito caricata, aos 95 minutos, junto à bandeirola, sobre o Belotti, em que o VAR devia chamar o árbitro e tomar uma decisão. Além disso, na minha opinião o lance do nosso segundo golo é muito duvidoso. Vejo que o Carreras toca primeiro na bola. Temos uma entrada muito forte na segunda parte, em que podíamos ter marcado mais um ou dois golos. Infelizmente não conseguimos, por isso estou aqui a assumir a nossa parte da responsabilidade. Infelizmente, nestes últimos jogos com o Sporting, os postes também não quiseram nada connosco. Mas aqui estou eu para assumir toda a responsabilidade. E não me canso de frisar o orgulho enorme que tenho de trabalhar com os meus jogadores, que mais uma vez implementaram muito bem a nossa estratégia para este jogo.
-Podemos deprender que, na sua opinião, o Benfica perde a final por causa da arbitragem?
- Não. Vocês pedem-me para fazer uma análise do jogo e faço uma análise às diversas situações, sobretudo em relação ao que foram os 90 minutos e à performance da nossa equipa. Acho que durante 99 minutos e 30 segundos fomos claramente a melhor equipa e aquela que criou mais oportunidades. Temos várias oportunidades para fazer o 1-0 e depois várias oportunidades para fazer o 2-0. Repito: na minha opinião, marcámos o 2-0, pois Carreras toca primeiro na bola. E aquilo que é o mais importante neste momento é assumir a responsabilidade de não termos vencido este título.
- Por que meteu Di María tão tarde no jogo? Estava planeado?
- O Di Maria foi um exemplo de profissionalismo ao longo da época. Tanto ele como eu queríamos terminar a época com este troféu para o podermos oferecer aos nossos adeptos. O Di tem uma história lindíssima ao serviço do Sport Lisboa e Benfica e ele, mais que ninguém, está triste pela forma como não conseguimos oferecer este troféu aos nossos adeptos. Quem jogou na posição do Di dez um bom jogo e até marcou um golo. Vamos fazendo as alterações em função daquilo que é o momento.
- Tem condições para se manter como treinador do Benfica na próxima época?
- Vou repetir aquilo que tenho dito. Nunca poderei retribuir da mesma forma aquilo que o Benfica já me deu. Foi a primeira vez que eu, com 49 anos, estive numa final da taça. Por aquilo que o Benfica já me deu e por aquilo em que me ajudou como treinador, jamais serei o problema. Vim para ser solução e para ajudar e jamais serei o problema. Agora o próximo passo é conversar com o Presidente para percebermos aquilo que for mais benéfico para o Benfica. Assim será.
- Na análise que fez ao jogo, Rui Borges referiu que o Benfica preocupou-se mais em aguentar o resultado e não em ampliar a vantagem. Concorda?
- Tivemos várias oportunidades a seguir ao 1-0 de poder fazer o 2-0. E fizemos. Há uma oportunidade fantástica do Belotti no final e não me lembro de uma defesa do Samu durante 45 minutos mais 45 minutos e mais 10 minutos. Além disso, os 10 minutos de tempo extra são totalmente exagerados. Não me lembro de ver o Sporting a criar uma oportunidade de perigo. Há uma bola no poste, há o 2-0 e há uma bola do Bruma que bate na perna do jogador e sai. Criámos um conjunto de oportunidades para poder vencer o jogo e não conseguimos. O que sinto e tenho que lhe dizer é que saímos de uma situação de 2-0 para o resultado final.