
O Académico de Viseu foi, é, e sempre será o maior das Beiras apesar de nos últimos anos ter sido ultrapassado desportivamente pelo rival Tondela, mas tendo em conta aquilo que já foi pode considerar-se um gigante adormecido como tantos outros clubes históricos que militam em divisões inferiores.
Atualmente o clube encontra-se a disputar a Liga 2 do futebol português e persegue há algumas épocas a subida ao principal escalão do futebol português sem grande sucesso.
Fundado em 7 de Junho de 1914, este clube histórico e já centenário e na altura sob a designação de Sport Clube Académico passou por muitas fases, umas felizes, outras nem tanto, mas que fizeram do clube viseense um bastião social e cultural da própria cidade.
Baseado no icónico Estádio do Fontelo um local especial para todos os academistas que viveram neste seu espaço momentos de alegria e tristeza, mas sempre com o coração a pulsar de academismo e a nunca deixar de apoiar o clube da sua terra.

O Académico foi formado por um grupo de jovens do liceu Alves Martins juntamente com o Colégio da Via Sacra em conjunto com o Reitor desta instituição. Criaram um clube que ao longo das décadas viria a tornar-se cada vez mais um baluarte não só da região com também do país.
O primeiro jogo ocorreu, segundo a comunicação social da altura, cerca de uma semana após a fundação frente ao Tondela, equipa à qual venceu, tendo sido entregue como prémio uma bola de futebol.
Cinco anos depois o clube muda a sua designação para Académico Futebol Clube, nome que se manteria por apenas quatro anos, tendo a organização mudado para União Académica de Viseu.
É finalmente no ano de 1927 que a agremiação toma o nome com que ficou conhecida durante 79 anos o Clube Académico de Futebol (CAF) e foi com este nome que alcançou os maiores êxitos da sua existência. Por curiosidade, na altura o equipamento alternativo era uma camisa branca listada de verde na horizontal à “Sporting”, calções pretos e meias listadas verdes e brancas.
Depois de se ter sagrado várias vezes campeão distrital é na década de quarenta que surgem os primeiros feitos relevantes. Neste podemos incluir a primeira subida à II Divisão e o primeiro jogo oficial na Taça de Portugal, uma derrota frente à CUF por 4-2 e a primeira vitória na mesma competição frente ao Elvas por 2-1.

Depois de mais quatro subidas à II Divisão nas duas décadas seguintes, surge na década de 70, mais especificamente na época 1978/1979, a tão almejada por todos os academistas subida ao escalão principal. O primeiro grande feito do clube estava alcançado.
Apesar de tudo, a experiência não correu bem, tendo o Académico descido na época seguinte, tendo conseguido a primeira vitória na I Divisão frente à Académica por 1-0.
O Académico de Viseu, que conta com quatro presenças na divisão principal do futebol português, voltaria em 1980 e manter-se-ia pela única vez na época seguinte. A última vez até agora que o clube subiu à I Divisão ocorreu na época 1989/90 finda a qual voltaria a descer aos escalões secundários.
Saudades dos tempos em que o Fontelo era, depois dos três grandes nessa altura, a equipa com mais lotação no estádio, inclusivamente com pessoas empoleiradas nas árvores à volta do recinto para ver os jogos.
Como adepto acompanhei com entusiasmo as subidas à então II Divisão de honra em 92/93 e 94/95, mas era sempre pouco para os adeptos que ambicionavam o topo.
E como nem todas as histórias são um mar de rosas em Janeiro de 2006 quando se encontrava na então II Divisão B por problemas financeiros o clube entra em insolvência e desaparece dos campeonatos nacionais. Voltou no ano seguinte através de um protocolo com o Farminhão, equipa que militava na I Divisão distrital da A.F. Viseu fez renascer o clube começando pelos distritais com a sua designação atual, Académico de Viseu Futebol Clube.
Daí para cá tem sido uma ascensão meteórica, tendo chegado à Liga 2 em 2013/2014, tendo permanecido nesta divisão até à atualidade.
Para finalmente alcançar o sonho, o ponto de viragem deu-se em Agosto de 2021 quando a SAD do clube viseense vendeu 61% à Hobra, empresa alemã de investimentos desportivos ligado ao Hoffenheim da Bundesliga que depois reforçou o seu investimento chegando agora a deter 90% da SAD academista.

Os resultados são positivos e visíveis em muitos aspetos como a melhoria das infraestruturas, na comunicação e marketing do clube, chegaram jogadores com algum nome a Viseu, criaram-se equipas de sub-19 e de sub-23 e uma equipa de futebol feminino.
Um clube que andava sempre com o credo na boca enfim profissionalizou-se, mas ainda não conseguiu o essencial que todos os sócios e simpatizantes sonham há 35 anos, o retorno ao principal escalão do futebol português.
E ainda não vai ser este ano, já que se encontra a três jornadas do fim, no 11.º lugar da classificação, já sem hipóteses de subida, e com dois treinadores pelo meio.
Para agravar a situação, a equipa tem apresentado um futebol paupérrimo neste final de época pouco condizente com os pergaminhos do clube de Viseu com os objetivos com os quais começou a atual temporada.