
O presidente do Chega, André Ventura, desafiou hoje o líder do PSD, Luís Montenegro, a fazer um "corte com o PS" e a negociar com os partidos à direita eventuais alterações à Constituição.
"A bola agora vai estar na mão, não é só do Chega, estará na mão também do primeiro-ministro, se aceita fazer o corte com o PS, que é um corte, digamos assim, de valor, é um corte também axiomático, é um corte de posição política com a nossa história, ou vai querer continuar nos braços do PS, apesar de o PS já não ser nem sequer o segundo partido mais votado do país", afirmou.
O líder do Chega considerou que o PSD deve clarificar "se vai mesmo arriscar cortar com o PS", salientando a "maioria histórica que os portugueses optaram por dar à direita".
Ventura assinalou que essa maioria não é "anticonstitucional, porque esta maioria não é contra a Constituição", mas tem "uma visão diferente da Constituição e acha que devemos ter uma Constituição para todos e não só para alguns".
E defendeu que a escolha é "entre manter o 'status quo' e tudo igual, apesar da votação, e isso é o mesmo arranjinho entre PS e PSD que assistimos em 50 anos, ou se quer dar o salto, e o salto aqui é um salto qualitativo e um salto de dinâmica política".
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, André Ventura foi questionado sobre as palavras do candidato à liderança socialista José Luís Carneiro que defendeu que a AD deve escolher o PS como "parceiro de diálogo" nas questões de regime, caso avance a revisão constitucional.
"Vejo isso como algum sinal de desespero do Partido Socialista, ao querer agarrar-se de qualquer maneira e de todas as formas a um lugar que já não tem", criticou o líder do Chega.
O presidente do Chega disse também que, apesar de ainda não estar concluído o apuramento dos votos dos emigrantes nas eleições legislativas de 18 de maio, que vai definir qual a segunda força parlamentar, entre o Chega e o PS, "têm existido contacto entre as lideranças parlamentares", e considerou que esse é "um passo importante para que se comece a definir, pelo menos, a base em que o país vai viver nos próximos meses em relação à situação política".
"É preciso saber como é que fica o quadro político do país, porque uma coisa é o PS continuar a ser o líder da oposição, outra é o Chega tornar-se o partido líder da oposição", defendeu.
Nesta ocasião o líder do Chega referiu-se também ao apuramento dos votos do emigrantes nas eleições legislativas de 18 de maio, que começou hoje e deve terminar na quarta-feira, e ditará qual a segunda maior força parlamentar, se o Chega, se o PS.
André Ventura disse ter "muito boas expectativas" e que os dados que tem "indicam indicam que o Chega terá uma vitória no círculo da emigração".
O dirigente referiu também que o partido recebeu "muitas denúncias" de emigrantes que não conseguiram votar, estimando em "milhares", e defendeu que o "processo não correu bem e deve ser melhorado", referindo que "os consulados têm que estar abertos em momentos em que há votação a decorrer em Portugal".
Questionado sobre a possibilidade de voto eletrónico para os portugueses que votam fora do país, André Ventura considerou que é necessário um debate sobre se "faz ou não sentido", uma vez que existem portugueses emigrados "em países com dimensão extraordinariamente grande e com dificuldades de viajar até consulados ou embaixadas que são a 300, 500 ou 600 quilómetros".
Ventura afirmou também que "o Chega não vai criar nenhum problema à entrada em funções da nova Assembleia da República".
Questionado ainda sobre uma notícia que refere que o Chega quer participar na escolha dos membros do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa, André Ventura afirmou que, "após a redefinição desse equilíbrio parlamentar, o Chega procurará contribuir para a democracia dentro do seu quadro de atuação" e considerou que "os lugares são o menos importante" e são "a última coisa" com que está preocupado.