Um grupo de ativistas e familiares de presos políticos na Venezuela apelou hoje à intervenção da União Europeia (UE) junto do Governo de Nicolás Maduro para garantir a sua libertação, incluindo quase 30 do continente europeu, três destes portugueses.

A delegação da UE em Caracas foi a última paragem da chamada "Rota Global pela Justiça e Liberdade", que esta semana incluiu também visitas às embaixadas da Colômbia, México, Brasil e Japão, com o objetivo de "denunciar violações sistemáticas dos direitos humanos e solicitar solidariedade internacional e apoio diplomático".

"Justiça, justiça e solidariedade, diplomacia ativa pela liberdade", gritavam os participantes, que exibiam fotografias e cartazes com os nomes de algumas das quase 900 pessoas que, segundo organizações não governamentais (ONG), estão detidas por motivos políticos na Venezuela.

Dos detidos, 12 têm nacionalidade espanhola, 8 são italianos, 3 são portugueses, um é alemão, um é ucraniano, um é checo, um é neerlandês, um é francês e um é húngaro, informou o grupo.

Sairam Rivas, companheira do ex-vereador Jesús Armas - detido em dezembro - agradeceu à UE por "toda a sua solidariedade".

A ativista da ONG Comité para a Libertação de Presos Políticos (Clipp) --- que organizou esta visita às missões diplomáticas --- explicou que solicitaram a "intermediação do bloco europeu junto do Estado venezuelano para procurar uma solução para a grave crise dos direitos humanos" no país caribenho.

A ONG lembrou que "nunca recebeu resposta" das instituições estatais, que, além disso, "se recusam" a aceitar documentos.

Rivas pediu ainda a "todos os eurodeputados" que mediassem com o Governo venezuelano e, em nome do Clipp, solicitou a criação de um "espaço de encontro entre as famílias dos presos políticos e representantes de instituições estatais", com o apoio da ONU e das embaixadas que visitaram ao longo do percurso.

Andreína Baduel, filha do antigo ministro da Defesa, Raúl Isaías Baduel --- que morreu na prisão em 2021, após 12 anos de prisão --- agradeceu às representações internacionais que o visitaram esta semana e que, segundo ela, "se comprometeram" a auxiliá-los através "dos canais diplomáticos disponíveis".

A irmã de Josnars Adolfo Baduel, detida desde 2020, denunciou ainda "assédio e perseguição" contra "vários membros" do Clipp.

Além disso, a jovem anunciou que em breve irão realizar uma atividade em várias igrejas, procurando "soluções humanitárias para esta grave crise de direitos humanos".

O Governo do Presidente Nicolás Maduro, que tomou posse para um terceiro mandato em janeiro após a sua polémica reeleição, afirma que o país está "livre de presos políticos" e que aqueles que são identificados como tal estão presos por "cometerem atos terríveis e puníveis".