
Uma boia de monitorização ao largo de Faro registou, entre os dias 28 de junho e 9 de julho, temperaturas anormalmente elevadas na superfície do mar, atingindo um pico de 25,9 graus célsius a 3 de julho. O valor representa mais cinco graus acima da média histórica para este período, segundo dados do Instituto Hidrográfico.
No dia 1 de julho as temperaturas começaram a aumentaram e chegaram a chegar aos 25.9 graus célsius no dia 3 de julho, este clima no mar prolongou-se até ao dia 8 de julho e depois normalizou, segundo a Autoridade Marítima Nacional (AMN).
A definição técnica de uma onda de calor marinha implica que a temperatura da água ultrapasse, por pelo menos cinco dias consecutivos, o percentil 90 da média histórica, ou seja, esteja entre os 10% dos valores mais elevados registados em 20 anos, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Este fenómeno não é exclusivo à costa portuguesa. No Mar Mediterrâneo, as temperaturas da superfície do mar variaram recentemente entre 25 e 29 °C, de acordo com o portal Sea Temperature, sinalizando uma tendência do aumento do calor nas águas marítimas na bacia sul europeia.
O aquecimento registado no mar algarvio surge no contexto de uma das maiores vagas de calor da Europa, que teve início no final de maio. O investigador do programa "CIIMAR Watch" Jean-Baptiste Ledoux, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), salienta que este tipo de fenómeno está ligado aos modelos de formação de ondas de calor marinhas no Mediterrâneo, intensificados pelas alterações climáticas.
Jean-Baptiste ainda afirma que há vários fatores que causam este fenómeno como este ano não termos tanto vento, valores de temperatura extremos e a mudança climática que tem vindo a ocorrer e a afetar o ambiente. "A vida marinha não está preparada para estas temperaturas", acrescenta.
Apesar de as temperaturas da água já terem regressado a valores considerados normais, entre os 18 e os 21 °C, este fenómeno poderá acontecer de novo se as temperaturas ambientais aumentarem significativamente como tem ocorrido.
A onda de calor marinha também é justificada pelo calor extremo que se fez sentir no mês de junho, o mês mais quente da Europa desde que há registo, de acordo com o serviço europeu Copernicus.
Texto escrito por Nadja Pereira e editado por João Miguel Salvador