"Seis mísseis atingiram a base norte-americana de Al-Udeid, no Qatar", informou a agência de notícias governamental iraniana Irna, citando um comunicado da Guarda Revolucionária, o Exército ideológico da República Islâmica do Irão.

Um pouco antes, o Conselho de Segurança Nacional iraniano tinha confirmado num comunicado ter "atacado a base norte-americana", sem contudo indicar se a operação tinha sido bem-sucedida.

O número de mísseis utilizados "foi o mesmo que o número de bombas que os Estados Unidos utilizaram para atacar as instalações nucleares iranianas", indicou o Conselho de Segurança Nacional iraniano.

O Qatar tinha antes afirmado que frustrara o ataque iraniano.

"As defesas aéreas do Qatar intercetaram com êxito um ataque com mísseis à base aérea de Al-Udeid", indicou o Ministério da Defesa do Qatar, acrescentando: "O incidente não causou mortos nem feridos".

Entretanto, a televisão estatal iraniana transmitiu hoje à noite imagens em direto de uma manifestação no centro de Teerão para celebrar os ataques com mísseis a uma base norte-americana no Qatar, em retaliação ao ataque norte-americano de domingo às instalações nucleares no Irão.

Manifestantes agitavam bandeiras da República Islâmica e gritavam "Morte à América!", enquanto outros buzinavam nos seus veículos, segundo as imagens da televisão iraniana.

Israel lançou a 13 de junho uma ofensiva sobre o Irão, argumentando que o avanço do programa nuclear iraniano e o fabrico de mísseis balísticos por Teerão representavam uma ameaça direta à segurança.

Desde então, aviões israelitas atacaram uma série de infraestruturas estratégicas, incluindo sistemas de defesa aérea, instalações de armazenamento de mísseis balísticos e as centrais nucleares de Natanz, Isfahan e Fordo, e foram também eliminados comandantes da Guarda Revolucionária, chefes dos serviços secretos e cientistas ligados ao programa nuclear iraniano.

As autoridades da República Islâmica indicaram que os bombardeamentos já fizeram pelo menos 400 mortos e 3.056 feridos, ao passo que o Governo israelita informou que os mísseis lançados pelo Irão em retaliação causaram a morte de 24 pessoas e ferimentos em 1.272, em território israelita.

Na madrugada de domingo, o conflito assumiu uma nova dimensão com a entrada dos Estados Unidos na guerra, bombardeando as três principais instalações envolvidas no programa nuclear do Irão, entre as quais a unidade de Fordo, com capacidade de enriquecimento de urânio a 60%, segundo os especialistas, e com o Presidente norte-americano, Donald Trump, a ameaçar o regime teocrático de Teerão de mais ataques, se "a paz não chegar rapidamente".

A operação norte-americana que devastou o programa nuclear iraniano resultou de meses de preparação e não visou militares nem a população civil do Irão, indicou o Pentágono.

Teerão declarou na ONU que caberia às Forças Armadas iranianas decidir "o momento, a natureza e a escala da resposta proporcional do Irão" aos bombardeamentos norte-americanos, que teriam, alertou, "consequências duradouras".

ANC // EJ

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