
Um tribunal taiwanês condenou a 10 anos de prisão Chu Hung-yi, líder de um partido minoritário, por ter recebido dinheiro para fotografar e enviar coordenadas de instalações militares taiwanesas para a China, informou esta quinta-feira a imprensa local.
A filial do Tribunal Supremo de Taiwan em Taichung (centro), concluiu que Chu violou a Lei de Segurança Nacional, embora a sentença ainda possa ser alvo de recurso.
Depois de se retirar do Exército taiwanês, Chu passou anos a fazer negócios na China, onde teve contacto com agentes de inteligência daquele país e aceitou financiamento para recrutar outros militares aposentados e criar uma organização política na ilha, de acordo com o relato do Ministério Público recolhido pela CNA.
Depois de fundar em 2023 o Partido Aliança para a Reabilitação, uma formação que defende a unificação entre a China e Taiwan, Chu recrutou quatro figuras — entre elas o ator Liu Shang-chien, que não tinha conhecimento de nenhuma atividade ilegal — para se candidatarem às eleições parlamentares de janeiro do ano passado em Taiwan.
Para financiar a campanha, recebeu o equivalente a mais de 80.000 dólares (68 mil euros) provenientes da China, embora nenhum dos candidatos tenha sido eleito nessas eleições.
Chu pediu aos seus contactos que compilassem uma lista de todos os generais do Exército de Taiwan e fotografassem e compilassem as coordenadas das bases militares taiwanesas e do escritório do Instituto Americano em Taipé (AIT, a embaixada de facto de Washington na ilha), que enviou para a China através de uma aplicação de mensagens.
Quando interrogado, Chu alegou que o dinheiro recebido provinha de um amigo na China como pagamento por “avaliar antiguidades” e afirmou não saber os motivos pelos quais lhe pediram fotografias de instalações militares.
Os casos de espionagem ganharam ainda mais relevância mediática em Taiwan depois de o líder da ilha, William Lai, ter definido há três meses a China como uma “força externa hostil” e anunciado um conjunto de medidas para conter os crescentes atos de “infiltração” de Pequim em território taiwanês.