
"Só posso entender isso como de muito mau tom e de fuga para a frente para desviar a atenção dos problemas centrais", afirmou Paulo Raimundo, durante uma visita à feira agropecuária Ovibeja, em Beja, ao ser questionado pelos jornalistas.
O líder comunista foi interpelado sobre as declarações do deputado do PSD Hugo Carneiro, que sugeriu que as autoridades judiciárias acedessem aos registos telefónicos para verificar quem divulgou a nova lista de clientes da empresa da família do primeiro-ministro, Luís Montenegro.
Esta quarta-feira, o jornal Expresso noticiou que Luís Montenegro submeteu junto da Entidade para a Transparência uma nova declaração, na qual acrescentou sete novas empresas para as quais trabalhou na Spinumviva, empresa fundada pelo próprio e que passou recentemente para os seus filhos.
Paulo Raimundo referiu que "a fuga para a frente que se verificou há um mês", quando Luís Montenegro, na sua opinião, se devia ter demitido, "é aquela que se está a verificar hoje", insistindo na tese de desviar atenções do que interessa.
"E os problemas centrais são, de facto, as questões que envolvem o primeiro-ministro. Não há como fugir a isso, mas não é só isso. Acima disso, também está em causa nas eleições a seriedade, gente séria para o país andar para frente", frisou.
Assinalando que foram conhecidos, há poucos dias, novos dados sobre a empresa familiar de Montenegro, o secretário-geral do PCP anteviu que outros episódios se seguirão, pois "esses tipos de coisas vão ser imparáveis".
"Amanhã vamos conhecer mais coisas, depois de amanhã vamos conhecer mais coisas e isso só acrescenta a razão à razão que tivemos, há um mês atrás, quando dissemos que o primeiro-ministro devia ser demitido", realçou.
Questionado sobre o caso de uma mulher que estava ventilada e que morreu, alegadamente, em consequência do apagão de segunda-feira, Raimundo defendeu que é "obrigatório apurar responsabilidades", reforçando que os efeitos do fenómeno estão longe de serem conhecidos.
"Sabemos hoje que os problemas decorrentes do apagão foram muito para lá daquilo que foram identificados no dia. Acho que ninguém de bom-tom pode achar que não é preciso apurar responsabilidades", afirmou.
O caso da mulher de 77 anos foi avançado pela RTP na quinta-feira. Na reportagem emitida no canal público, a família relatou que a mulher, que estava ventilada em casa, morreu no dia do apagão, alegando que a morte deveu-se à falta de energia.
Para o candidato da CDU, a "dimensão dos problemas" causados pelo corte de energia devia ter começado a ser conhecida "no dia a seguir" ao ocorrido.
"As consequências daquela situação estão muito para lá de serem todas conhecidas", reiterou.
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