Os drusos são uma minoria que está espalhada pelo Médio Oriente, sobretudo em Israel, Líbano e Síria, e que procura preservar a sua identidade cultural e religiosa.

"Os drusos são uma comunidade supra tribal que transcende o espaço e a geografia", explica Makram Rabah, professor adjunto de História na Universidade Americana de Beirute, citado pela agência noticiosa francesa AFP.

A minoria drusa, composta por mais de um milhão de pessoas no Médio Oriente, "desempenhou um papel muito importante" na região, sublinhou o mesmo académico, especificando que faz parte das "comunidades fundadoras" do Líbano e da Síria.

Eis algumas perguntas e respostas sobre esta comunidade, envolvida em confrontos com tribos beduínas e as forças de segurança sírias em Sweida, no sul da Síria, desde o fim de semana passado:

Quais são as origens da religião e as principais tradições?

O pensamento druso surgiu no Egito no início do século XI como uma seita dentro do ramo xiita e continua a ser encarado como um movimento esotérico pelo Islão tradicional. Envolto numa aura de segredo, incorpora elementos místicos, como a crença na reencarnação humana.

A comunidade não aceita novos convertidos e desencoraja os casamentos fora da comunidade. Os feriados religiosos drusos coincidem com o calendário muçulmano. O traje tradicional é preto. Os homens usam um tipo de boné branco ou turbantes, e as mulheres cobrem a cabeça e parte do rosto com um longo véu branco.

Onde estão os drusos?

Antes do início da guerra civil, em 2011, a Síria acolhia cerca de 700 mil drusos, que falam árabe, a língua comum em todo o país, que alberga um mosaico de comunidades.

Segundo o académico, poeta e calígrafo Sami Makarem (1931-2012), os drusos começaram a migrar para o sul da Síria no século XVI, para uma zona hoje conhecida como Jabal al-Druze, na província de Sweida. Os drusos sírios concentram-se principalmente neste bastião de Sweida, na província vizinha de Quneitra e nos subúrbios de Damasco, particularmente em Jaramana e Sahnaya, que foram afetados pela violência sectária registada na primavera passada.

Fronteiras com Israel e a Síria abrigam milhares de drusos

No Líbano, estima-se que 200.000 drusos vivam sobretudo no centro montanhoso do país e no sul, perto das fronteiras com Israel e a Síria.

Em Israel, aproximadamente 153.000 drusos são cidadãos israelitas, vivendo sobretudo no norte. Ao contrário de outros árabes israelitas, os drusos estão sujeitos a recrutamento militar obrigatório.

Nos Montes Golã, território sírio anexado unilateralmente por Israel em 1981, mais de 22.000 drusos têm o estatuto de residência permanente. Apenas 1.600 aceitaram obter a cidadania israelita, com os restantes a manterem a sua identidade síria.

A anexação dos Montes Golã por Israel separou famílias, embora os drusos na região anexada frequentemente vão para a Síria para estudar ou participar em casamentos. Alguns drusos do sul da Síria também se estabeleceram na vizinha Jordânia, onde a comunidade é estimada entre 15.000 e 20.000.

Fora da região do Médio Oriente, a diáspora drusa espalhou-se para a América do Norte, América Latina e Austrália.

Qual é a sua política?

Os líderes drusos têm sido um catalisador para o nacionalismo no Médio Oriente desde o Império Otomano.

Na Síria, o sultão druso Pasha al-Atrash, que liderou uma revolta entre 1925 e 1927, foi um precursor da independência da Síria em relação à França, finalmente alcançada em 1946. No Líbano, o líder druso Kamal Jumblatt desempenhou um papel fundamental desde a década de 1950 até ao seu assassinato em 1977, patrocinado pela Síria, durante a guerra civil libanesa.

Desde a queda do regime do Presidente sírio Bashar al-Assad, em dezembro passado, Israel assumiu vários gestos de abertura para com os drusos na Síria, uma solidariedade que tem recebido diferentes graus de reconhecimento no seio da comunidade.

Walid Jumblatt, de 76 anos, que assumiu a liderança em substituição do seu pai, instou os drusos sírios a rejeitarem a "ingerência israelita", assim como outros líderes drusos sírios reafirmaram a sua lealdade a uma Síria unida, com alguns destes a apelar à proteção internacional para evitar a violência contra a minoria.

Em Israel, o líder espiritual druso Sheikh Mowafaq Tarif apelou ao Estado judaico para proteger os drusos sírios.

As tensões entre as comunidades drusa e beduína são de longa data e a violência entre os dois grupos ocorrem esporadicamente na Síria. Os recentes confrontos começaram no domingo e as forças do Governo sírio foram enviadas na terça-feira para Sweida, anteriormente controlada por combatentes drusos locais.

Após a queda de Assad, surgiram preocupações quanto ao destino das minorias étnicas no país sob o novo Governo de transição sírio, liderado por Ahmad al-Charaa, um antigo líder rebelde islamita.


Com LUSA