
O voo da TAP com portugueses que pediram ajuda para sair de Israel, na sequência do conflito com o Irão, deverá aterrar em Lisboa por volta das 18h30 desta quarta-feira, confirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).
A operação de repatriamento, desencadeada e coordenada pelo Governo português, está agora na fase final. O secretário de Estado das Comunidades, Emídio Sousa, vai recever os portugueses ao aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa.
“Estamos em pânico, a ouvir estrondos toda a noite”
Quando o Expresso falou com ‘Glória’ — nome fictício, usado por razões de segurança — ela estava há dois dias fechada num hotel em Telavive, onde se refugiara com o marido. A portuguesa tinha viajado pela primeira vez a Israel por motivos familiares, mas a estadia transformara-se num pesadelo.
“Durante o dia, tudo está calmo. Mas durante a noite é horrível. São estrondos constantes das bombas”, contou então.
Na altura, o casal tinha passado a noite anterior a refugiar-se três vezes na sala de segurança do hotel. “Uma das bombas caiu a cerca de 30 a 40 quilómetros. O estrondo foi tão grande que tivemos de fechar a porta da sala de segurança. Não dormimos nada.”
Cônsul em contacto, mas com limitações
Segundo ‘Glória’, o casal manteve contacto regular com o cônsul português, que descreveu como “impecável”. No entanto, enquanto o espaço aéreo de Israel estivesse encerrado, não havia garantias de saída imediata. “Em menos de um ou dois dias, é difícil”, foi-lhes dito.
Apesar do medo, ‘Glória’ não perdia a esperança:
“Estamos em pânico, mas acreditamos que vai correr tudo bem.”
Repatriamento em curso no Irão, Israel e Jordânia
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, revelou esta segunda-feira, dia 16, que estes cinco portugueses já foram retirados do Irão por terra, para o Azerbaijão e Turquia - enquanto 130 pedidos de repatriamento foram recebidos de portugueses em Israel. A operação está em curso, mas envolve deslocações rodoviárias com riscos acrescidos, explicava na altura o MNE.
O MNE reforça que tem acompanhado todos os pedidos através da rede consular e recorda que desde outubro de 2023 desaconselha viagens à região.
“Estão desaconselhadas todas e quaisquer viagens para o Médio Oriente”, reforça o Ministério dos Negócios Estrangeiros, dada a “crescente tensão regional e o perigo securitário”.