Pelo menos 104 jornalistas perderam a vida este ano vítimas de crimes violentos, segundo uma contagem provisória da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que situa mais de metade (55) destas mortes na Faixa de Gaza.
Pelo segundo ano consecutivo, o Médio Oriente e o mundo árabe estabeleceram-se como a região mais perigosa para a prática do jornalismo, com um total de 66 mortes, em grande parte devido aos efeitos da ofensiva israelita em Gaza e no Líbano.
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, 138 jornalistas já aí perderam a vida.
A seguir a esta área geográfica está a região Ásia-Pacífico, onde o número de mortes passou de 12 em 2023 para 20 em 2024.
América Latina já foi a zona mais perigosa
O Paquistão, com seis assassinatos, e o Bangladesh, com cinco, encabeçam a lista nesta zona do mundo, enquanto na Birmânia e na Índia, foram registadas três mortes em cada país.
A FIJ recordou que antes do início da guerra no Médio Oriente, grande parte do foco do perigo estava na América Latina e, em particular, no México.
A situação nesta região parece, pelo menos, um pouco melhor, uma vez que depois das 30 mortes em 2022, 2023 e 2024 registam 6 mortes.
Quanto à Europa, considerada "o continente mais seguro do mundo" para os jornalistas, as quatro vítimas mortais recolhidas neste estudo correspondem à Ucrânia, palco de uma guerra desencadeada em fevereiro de 2022 pela invasão militar ordenada pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
China lidera nas detenções
O relatório faz ainda um balanço do número de jornalistas detidos, num total de 520, o que representa "um forte aumento" face a 2023 (427) e 2022 (375).
A China continua a ser a maior prisão mundial para a imprensa, mantendo 135 jornalistas atrás das grades, e a Ásia-Pacífico é a região com mais casos, num total de 254 registados.
O secretário-geral da FIJ, Anthony Bellanger, comentou que os "números tristes" recolhidos no relatório "mostram mais uma vez quão frágil é a liberdade de imprensa e quão arriscada e perigosa é a profissão de jornalista".
"Numa altura em que se desenvolvem regimes autoritários em todo o mundo, é crucial que os cidadãos estejam informados", defendeu Bellanger.