
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reafirmou hoje o objetivo de destruir o grupo islamita palestiniano Hamas, sem fazer qualquer menção direta a uma proposta de cessar-fogo revelada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, e supostamente aprovada por Telavive.
"Anuncio-vos: não haverá Hamas. Não vamos voltar a isso. Acabou. Vamos libertar todos os nossos reféns", declarou Netanyahu durante uma visita a uma central elétrica na cidade de Ashkelon, no sul de Israel, sem adiantar mais pormenores.
Estas foram as primeiras palavras do líder israelita depois de Trump ter anunciado na terça-feira que Israel tinha aceitado uma proposta de cessar-fogo de 60 dias na Faixa de Gaza, em troca da libertação de dez reféns vivos pelo Hamas e da entrega dos corpos de outros 15, segundo a imprensa norte-americana.
"São dois objetivos opostos!" Que absurdo! Estamos a trabalhar juntos. Vamos concluí-lo juntos, ao contrário do que dizem: vamos eliminá-los completamente", afirmou Netanyahu, referindo-se à possibilidade de destruição do Hamas em simultâneo com o regresso de cerca de 50 reféns, dos quais Israel acredita que 20 ainda estejam vivos no enclave palestiniano.
O Presidente dos Estados Unidos anunciou na terça-feira que Israel concordou com os termos de um cessar-fogo de 60 dias em Gaza e apelou ao Hamas para aceitar o acordo antes que as condições se agravem.
O Hamas confirmou hoje que analisou a proposta apresentada pelos mediadores (Qatar, Egito e Estados Unidos) e disse estar pronto para negociar, mas insistiu nas suas exigências.
A maioria dos familiares dos reféns em posse do grupo palestiniano não acredita que a pressão militar possa levar à sua libertação, após mais de um ano e meio de ofensiva e de espera que o Governo israelita assine um acordo com os islamitas no poder na Faixa de Gaza desde 2007.
Nos últimos meses, o Governo de Netanyahu recusou as duas principais exigências do Hamas para um acordo de cessar-fogo: a retirada total das suas tropas e o fim definitivo da sua ofensiva no território palestiniano.
O chefe do Governo israelita também está sob pressão, sobretudo por parte dos partidos de extrema-direita que integram a coligação no executivo, que se opõem veementemente a negociações com o Hamas e à assinatura de qualquer acordo de tréguas.
Além disso, estes partidos políticos defendem a continuidade da ofensiva no enclave e a restauração dos colonatos desmantelados em 2005.
O conflito em curso foi desencadeado em 07 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas em solo israelita, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 57 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.