O Banco Montepio pertence a um grupo liderado pela maior mutualidade do país. São 184 anos a trabalhar na área da economia social. Por este motivo, “distinguimo-nos dos outros bancos chamados de retalho — em que os acionistas são privados e, por isso, mais orientados para o lucro”, explica Paula Viegas, Diretora de Sustentabilidade do Banco Montepio. Talvez devido a esta “costela” mais vocacionada para o setor social, foram das primeiras instituições financeiras a investir em títulos de impacto social. “Portugal podia fazer um pouco mais aí”, defende.
Quanto ao facto de as empresas deverem seguir um caminho mais direcionado a este setor, Paula Viegas diz que a evolução tem sido um pouco mais lenta do que deveria, porém, afirma também estarmos a assistir a uma grande mudança, que espera que se concretize, na mentalidade da gestão das empresas nacionais. Muito em virtude da nova diretiva de reporte de sustentabilidade que coloca uma série de exigências ao nível dos dados e indicadores que as empresas têm de incluir nos seus relatórios de gestão. Na sua opinião, absorver tudo de uma assentada é um desafio e as nossas empresas têm tido imensos nos últimos tempos, caso da troika, da pandemia, exemplificando, acrescentando ainda que a banca está a fazer um enorme esforço de sensibilizar e capacitar a sua rede de PME.
Quando questionada se as empresas comunicam a sustentabilidade de forma oportunista, a Diretora de Sustentabilidade do Banco Montepio, defende que não acredita que estas tenham como objetivo adulterar o que fazem na comunicação. “Se o fizerem é por desconhecimento. Hoje em dia tudo é escrutinado. A própria opinião pública o faz”. Paula Viegas refere, a este propósito, que em Portugal há uma fragilidade na gestão das empresas; a pouca importância dada à marca, quando são o rosto e o nome da organização. “A minha relação com a marca é emocional. A marca é um ativo”.
Falou ainda da importância do microcrédito — um produto que não traz tanta rentabilidade, mas é profundamente reestruturante ao nível da sociedade, ajudando, por exemplo, a combater o desemprego jovem e de longa duração. Porém, ainda não é muito procurado pelos portugueses. Para Paula Viegas isto prende-se com o espírito pouco empreendedor. “Tememos a falha, o erro. Isto é cultural!”. No entanto, a Diretora de Sustentabilidade do Banco Montepio salienta um desenvolvimento da economia prateada, que ocorre a partir dos 60 anos, em que as pessoas criam os seus projetos. “Começa a ter uma atividade muito interessante”, termina.