
O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, acusou Pedro Nuno Santos de ter "radicalizado" o PS, em entrevista à Rádio Renascença. O governante mostrou-se confiante de que a economia portuguesa "não sofrerá significativamente com esta crise" e afirmou estar disponível para continuar à frente da pasta das Finanças, caso Luís Montenegro o volte a convidar.
"Conheço o Dr. Pedro Nuno Santos há quase 30 anos, fomos colegas de faculdade. Sempre foi e é um radical. Não podemos esquecer o que foi enquanto ministro e antes de ser ministro", afirmou Miranda Sarmento, acrescentando que concorda com o presidente da Assembleia da República, José Aguiar-Branco, que esta semana disse que Pedro Nuno Santos "fez pior à democracia em seis dias do que André Ventura em seis anos".
O responsável pelas Finanças considera que há "um maior radicalismo e extremismo no Partido Socialista". "O PS radicalizou-se e usou métodos, expressões e intervenções próximas daquelas a que estávamos habituados no Chega e em André Ventura".
"A economia não sofrerá significativamente com esta crise"
Em relação aos efeitos da crise política na economia do país, Miranda Sarmento destacou que Portugal tem apresentado "bons resultados", com "excedente externo, excedente orçamental e uma situação próxima do pleno emprego". "A economia está bastante robusta", afirmou. Embora reconheça que a "incerteza não ajuda as decisões dos agentes económicos", acredita que "daqui a dois ou três meses haverá um novo governo em funções, o que naturalmente mitiga essa incerteza".
"A economia está muito forte e não sofrerá significativamente com esta crise. Se das eleições resultar uma solução estável, os mercados não penalizarão o financiamento da República, nem o financiamento da economia portuguesa", sublinhou.
Questionado sobre a possibilidade de entendimentos entre PSD e PS, caso não haja maiorias nas próximas eleições legislativas, o ministro admitiu essa hipótese: "Independentemente desta crise política, o país ganharia em algumas áreas, como a justiça, o sistema fiscal e a política económica, com compromissos que garantam estabilidade. Não gosto muito da palavra consensos, porque não temos de pensar todos da mesma maneira, nem seria bom que o fizéssemos. Mas compromissos naquilo que são os princípios orientadores de algumas políticas públicas que merecem estabilidade."
Por fim, sobre a sua continuidade no cargo, Miranda Sarmento mostrou-se disponível: "Tem sido uma experiência bastante enriquecedora e, à data de hoje, diria que sim. Se me voltar a ser feito o mesmo convite que recebi há cerca de um ano do Primeiro-Ministro Luís Montenegro, eu diria que à partida aceitarei continuar ministro das Finanças."