
O ex-ministro do PSD Miguel Relvas defendeu esta segunda-feira que o Governo deve ser claro e "não ter medo de apresentar uma moção de confiança", considerando que o primeiro-ministro cometeu um erro ao não se ter afastado da empresa familiar. "O Governo não tem de ter medo de apresentar uma moção de confiança. Era o que eu teria feito no sábado, de uma forma muito clara, dizer ao Parlamento que entre a parede e a espada, não tenho medo de escolher a espada, não tenho medo de devolver aos portugueses a sua decisão", defendeu Miguel Relvas, na CNN.
“O primeiro-ministro é sério, não cometeu uma ilegalidade mas, cometeu um erro de comunicação e, face ao eventual conflito de interesses, não foi claro," considerou Miguel Relvas, sugerindo que Montenegro devia ter seguido o exemplo do seu ministro da Coesão. Manuel Castro Almeida, que anunciou que tinha vendido a participação que detinha numa empresa do setor imobiliário “e não voltou a ser notícia”. O antigo governante diz que ele próprio vendeu a sua empresa quando foi para o Governo de Passos Coelho, em 2011, afirmando que “isso é fundamental”.
O antigo ministro do Governo PSD/CDS-PP considerou que se vive "um momento muito negativo" da democracia portuguesa. Relvas avisou que "o maior ativo que um Governo tem é o ativo e a imagem do primeiro-ministro". "Quem ganhou as eleições há um ano não foi o PSD, foi o PSD com o dr. Luís Montenegro. E se o PSD quer continuar a ter um clima de estabilidade política, precisa que o primeiro-ministro se ausente deste tipo de notícias, e só uma pessoa que o pode fazer, é ele, mais ninguém", disse.
Sobre um aparente afastamento entre primeiro-ministro e Presidente da República, que segundo a SICnão falam desde a comunicação ao país, Miguel Relvas lamentou alguma falta de reserva, mas advertiu que pode ser "muito perigoso" para um Governo sem maioria e "que está ferido ter o Presidente da República numa atitude mais apertada e em que demonstra uma insatisfação em relação aos comportamentos".
"O Governo tem que simplificar procedimentos, tem que ser claro, tem que ser corajoso", afirmou, salientando que uma moção de censura, para ser aprovada, exige o voto favorável de 116 deputados, enquanto a moção de confiança apenas requer maioria simples (mais votos a favor do que contra).
No domingo, em comentários televisivos, também o ex-ministro do PSD Miguel Poiares Maduro defendeu na RTP que Luís Montenegro já deveria ter encerrado a empresa Spinumviva, idêntica posição assumida pelo anterior líder do CDS-PP Paulo Portas na TVI.
O PCP entregou no parlamento no domingo uma moção de censura ao Governo - 12 dias depois de o Chega ter apresentado outra, entretanto chumbada -, depois de, no sábado, o primeiro-ministro ter feito uma declaração ao país na qual admitia avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecessem se consideram que o executivo "dispõe de condições para continuar a executar" o seu programa.