
O Presidente da República afirmou ontem que a economia não acompanhou, no arranque do ano, "a pedalada de subida do final do ano anterior", alertando que são sempre os mais carenciados que "pioram muito ao primeiro sinal de crise".
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no final de uma visita à sede do Banco Alimentar Contra Fome, em Lisboa, numa altura em que decorre uma campanha de recolha de alimentos em todo o país até domingo.
O chefe de Estado chegou a Alcântara ao volante do seu automóvel e com o porta-bagagens com dois grandes sacos de compras, dizendo-se sempre preocupado com a situação dos mais carenciados, sobretudo numa situação de incerteza internacional que se projeta "também em Portugal".
"Não é por acaso que no primeiro trimestre deste ano, comparado com o último trimestre do ano anterior, houve uma quebra de meio por cento. Isso significa que, embora melhorando em relação ao começo do ano anterior, não estamos a acompanhar a pedalada da subida do final do ano anterior", afirmou.
Para o Presidente da República, tal deve-se não só à continuação das guerras, mas também à incerteza sobre a aplicação de tarifas pelos Estados Unidos da América e por "guerras comerciais".
"Nós sentimos, quem anda na rua, quem anda e vive hoje sem abrigo, quem vê como é que vai a situação na sociedade portuguesa, realmente as carências continuam muito elevadas", disse.
Questionado se teme que, no resto no ano, a economia portuguesa não recupere a pedalada do último trimestre de 2024, o chefe de Estado referiu que todas as previsões económicas, "inclusive as do Governo, são as de que há uma dependência muito grande da situação internacional".
"Nós é que nos esquecemos que estamos praticamente a meio do ano, falta um mês para estarmos a meio do ano. E, portanto, há muita coisa que está indefinida. E, estando indefinida, isso tem consequências: o investimento não é o que podia ser, o consumo não é o que podia ser, as exportações não são o que podiam ser, o turismo teve um período de compasso de espera, continuando a crescer, mas menos, até por causa do mau tempo, durante dois meses", disse.
E acrescentou que, se essas são as consequências na economia, elas existem também para "as pessoas que estão em piores circunstâncias".
"Essas, naturalmente, ao primeiro sinal de crise, pioram muito", alertou.
Quanto à recolha de alimentos deste fim de semana, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou, tal como a presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, que, apesar de se tratar de um fim de semana com "a concorrência da praia", os portugueses continuam muito disponíveis para ajudar.
"Eu hoje quando fui fazer as compras para o Banco Alimentar vi uma coisa que é um bom sintoma: às seis e tal da tarde, vi que as prateleiras destinadas aos produtos que são básicos já estavam a ser repostas", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Num primeiro balanço, Isabel Jonet disse que, até às 18:00 a nível nacional, tinham sido recolhidas 422 toneladas de alimentos, que comparam com 417 em maio de 2024.
"Isto é, para nós, muito animador", salientou.