O Presidente do Comité Económico e Social Europeu (CESE), Oliver Röpke, assegurou que a maior parte da desinformação que afeta a União Europeia (UE) tem origem interna. Em entrevista à agência Lusa, o responsável explica que parte da desinformação tem origem em países como a Rússia, Bielorrússia ou China, "mas a maior parte vem de dentro, tendo cada Estado diferentes formas de origem e disseminação de desinformação".

"Neste sentido, resolver a situação geoestratégica não significa vencer esta guerra, acima de tudo, é preciso vencer esta guerra cá dentro. Não se pode combater a desinformação dentro da UE e ignorar o que se passa fora da Europa", pois na guerra da desinformação, "se não se jogar no mesmo campo de batalha pode perder-se", reiterou Röpke.

O presidente do CESE destacou a forma como a UE e os estados-membros estão a combater este fenómeno, mencionando o Plano de Ação para a Democracia Europeia e a Lei dos Serviços Digitais (DSA), medidas que considera importantes, mas não suficientes. "É necessário ir mais longe e de mãos dadas entre a sociedade civil e os parceiros sociais", defendeu.

Segundo o responsável, é preciso salvaguardar o espaço cívico e os direitos humanos, num momento em que um pouco por toda a Europa não há "apenas a desinformação, mas também o crescimento das sociedades muito polarizadas". Atualmente, na Europa vive-se num "ambiente de permanente desafio para os direitos humanos, tendo a luta contra a desinformação como prioridade-chave", pelo que é crucial o envolvimento da sociedade civil.

Apesar disso, "a sociedade civil não pode vencer esta batalha se tomar apenas medidas legislativas, tem de haver um esforço conjunto", uma mobilização de toda a sociedade e, ao mesmo tempo, de muitos parceiros sociais. Assim, "o diálogo social e a negociação coletiva são também uma medida participativa, mesmo uma medida democrática, que serve para fortalecer a credibilidade e, no final, lutar contra a desinformação".

Nesta perspetiva de diálogo e cooperação internacional, Oliver Röpke destaca o combate da desinformação em países além da comunidade europeia, como no Brasil, afetado sobretudo pela desinformação online. O Presidente do CESE concluiu com a ideia de que no caso brasileiro é necessário lutar em conjunto pelo reestabelecimento da sociedade civil e das estruturas de diálogo social.