
O reconhecimento do Estado da Palestina é "um dever moral", declarou hoje o Presidente do Brasil, que acusou novamente Israel de cometer um "genocídio premeditado" na Faixa de Gaza.
O reconhecimento do Estado palestiniano é "um dever moral, humano e uma exigência política de todos os líderes mundiais", afirmou Luiz Inácio Lula da Silva durante uma conferência de imprensa conjunta no Palácio do Eliseu, em Paris, com o Presidente francês, Emmanuel Macron.
Lula da Silva acusou o "governo de extrema-direita" de Israel de cometer um "genocídio premeditado" na Faixa de Gaza, como já tinha referido várias vezes.
"O que está a acontecer em Gaza não é uma guerra. É um genocídio praticado por um exército altamente preparado contra mulheres e crianças (...) Estamos a assistir a um genocídio diante dos nossos olhos, dia após dia, e isso não é aceitável", insistiu.
O chefe do Estado brasileiro, país que reconheceu o Estado palestiniano em 2010, está a realizar uma visita de Estado a França, antes de uma conferência organizada por Paris e pela Arábia Saudita na ONU a partir de 17 de junho sobre uma "solução de dois Estados" diante da crise no Médio Oriente.
"Nos próximos dias veremos se é necessário elevar o tom e tomar medidas concretas", afirmou, por seu lado, Emmanuel Macron.
Também Lula da Silva defendeu que os próximos dias "serão decisivos" para, juntamente com os parceiros da UE, Estados Unidos e Reino Unido, aumentar a pressão sobre Israel para que pare as operações militares em Gaza, tendo em conta que todos os conflitos "consomem recursos valiosos para o desenvolvimento".
Numa crítica à atual atuação da ONU, nomeadamente a nível de legitimidade eficaz nos conflitos, o Presidente brasileiro reiterou que "a mesma ONU que tem a autoridade para criar o Estado de Israel, tem que ter a autoridade para preservar a área demarcada em 1967", nomeadamente na convivência pacífica entre palestinianos e israelitas.
"Nós não podemos tratar o palestiniano como cidadão de segunda ou de terceira categoria. São seres humanos que querem viver como nós, que querem ter liberdade", acrescentou, dando o exemplo da comoção mundial com mortes de ambos os lados do conflito no Médio Oriente.
Durante a conferência, Lula da Silva instou o homólogo francês a aceitar o acordo comercial entre a UE e o Mercosul em seis meses, tendo os dois assinado 20 atos bilaterais nas áreas de vacinas, segurança pública, educação e ciência e tecnologia.
Além disso, o Presidente brasileiro vai participar em atividades ligadas à Temporada França-Brasil e receber na sexta-feira o título de 'doutor Honoris Causa' na Universidade Paris 8, antes de se deslocar para a terceira conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos em Nice e depois a Lyon.
Esta é a primeira visita de um chefe de Estado brasileiro a França em 13 anos. A última aconteceu no mandato de Dilma Rousseff em 2012. Como homenagem, a Torre Eiffel deverá iluminar-se de amarelo e verde esta noite.