
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, afirmou esta sexta-feira que se o Presidente norte-americano, Donald Trump, fosse brasileiro e promovesse uma invasão como a do Capitólio a 6 de janeiro de 2022, seria preso.
"Se o Trump fosse brasileiro e aqui tivesse um Capitólio e ele fizesse aquilo que fez nos Estados Unidos ele também ia ser preso", disse Lula da Silva, num forte discurso para pescadores artesanais e agricultores no estado do Espírito Santo.
Lula da Silva fez assim uma alusão ao processo no qual Jair Bolsonaro está a ser acusado por golpe de Estado, pelos acontecimentos que culminaram com o ataque de radicais aos três poderes em Brasília, a 8 de janeiro de 2023, num evento com semelhanças ao sucedido um ano antes nos Estados Unidos, a 6 de janeiro de 2022.
Apelidando Bolsonaro de "coisa", Lula criticou ainda Eduardo Bolsonaro, filho do ex-Presidente, por se encontrar nos Estados Unidos a fazer 'lobby' em prol do pai e de elogiar as tarifas de 50% anunciadas por Trump contra produtos brasileiros.
"Que tipo de homem é esse?", questionou o chefe de Estado brasileiro, atacando de seguida: "é preciso essa gente criar vergonha na cara".
Sobre o processo no qual Bolsonaro é acusado, Lula da Silva disse que "ele vai ser julgado com base nos autos".
"Se ele for inocente ele será absolvido, como eu fui", sublinhou, avisando, contudo, que, "se ele for culpado, ele vai para a cadeia como todo o mundo tem que ir".
Trump anuncia tarifas que vai impor ao Brasil
Na quarta-feira, Trump anunciou as tarifas que vai impor ao Brasil a partir de 1 de agosto, numa carta a Lula da Silva que publicou nas suas redes sociais, na qual alegou um falso défice comercial com o Brasil, manifestando o seu desconforto com o processo criminal contra Bolsonaro.
Segundo Trump, Bolsonaro está a ser vítima de uma "caça às bruxas", pelo que exigiu que o processo criminal e a "perseguição" a que está sujeito cessem "imediatamente".
Esta sexta-feira, Lula da Silva voltou a dizer que tentará negociar para que as tarifas não sejam aplicadas, mas que, se necessário, usará a Lei de Reciprocidade.
"Esse país não baixará a cabeça para ninguém. Ninguém porá medo nesse país com discurso e com bravata. Ninguém. E eu acho que, nesse aspecto, nós vamos ter o apoio do povo brasileiro, que não aceita nenhuma provocação",frisou.
"Entre comércio e serviço, nós temos um déficit (...) com os EUA. Eu que deveria taxar ele", disse.