
"Este Governo pode anunciar a um sábado de manhã deportações que, depois vamos a ver, são processos administrativos que não eram deportações, aí não é Governo de gestão, mas para fazer aquilo que o ministro das Infraestruturas tem que fazer, que é sentar-se à mesa e falar com os trabalhadores da CP e perceber funções que mesmo para um Governo de gestão, muitas vezes são inadiáveis, porque o serviço está a faltar aos portugueses, aí é um Governo de Gestão que não pode fazer. O que não quer é fazer", disse Rui Tavares.
O porta-voz do Livre falava aos jornalistas à margem de uma visita à Feira de Barcelos, no distrito de Braga.
Num círculo eleitoral onde o Livre nunca elegeu nenhum deputado, mas já traçou a ambição de eleger nestas legislativas, o dirigente do Livre revelou já estar "um bocadinho cansado desta jigajoga do Governo da AD" em que se esquece que é Governo em gestão para tudo o que serve para a campanha eleitoral, mas recorda-se disso quando é para resolver problemas do país.
E insistiu: "Em tudo o que serve para a campanha eleitoral esquece-se que é um Governo de gestão e, depois, para tudo aquilo que pode garantir serviços já hoje aos utentes e trabalhadores da CP aí já se lembra que é um Governo de gestão".
Dizendo que esta postura é "absolutamente incoerente", o dirigente do Livre considerou que, em matéria de CP, o Governo não quer é dialogar.
Segundo Rui Tavares, o Governo deve ter em relação à empresa uma visão de futuro e perceber que há um caminho a fazer que envolve utentes e trabalhadores.
"Quando os trabalhadores sabem que há um caminho para fazer numa empresa entusiasma-se e participam nas soluções, por isso, o Livre defende que os trabalhadores tenham representação no conselho de administração", apontou.
Em sua opinião, para isso, também é preciso um sindicalismo e uma comissão de trabalhadores que queira participar.
O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, acusou os sindicatos que representam os trabalhadores da CP de terem parado o país com uma greve marcada por interesse político, em altura de eleições, vincando que o Governo "não cede a pressões" e que tentou negociar com os sindicatos, "indo ao limite" do que a lei permite a um executivo em gestão.
A paralisação, que se prolonga até 14 de maio, foi convocada contra a imposição de aumentos salariais "que não repõem o poder de compra", pela "negociação coletiva de aumentos salariais dignos" e pela "implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos em que foi negociado e acordado", segundo os sindicatos.
A greve terá um especial impacto nos dias de hoje e quinta-feira, devido ao maior número de sindicatos (14) que aderiram à paralisação nestes dias.
Por decisão do Tribunal Arbitral, as greves não têm serviços mínimos.
SVF (MPE) // ACL
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