Joaquim Menezes, fundador e presidente da Iberomoldes, o grupo português especialista na engenharia de moldes e desenvolvimento de produto, é uma referência entre pares na indústria em que opera. Em Portugal e lá fora, o empresário é apontado como um visionário da inovação e um arquiteto de consensos e parcerias. Mas quem hoje o vê, com 78 anos, ao leme da empresa que criou, não imagina que a sua caminhada começou com apenas 15 anos, como aprendiz na Aníbal H. Abrantes, empresa pioneira na indústria nacional de moldes.

"Tirei um curso que era o curso normal para jovens de famílias humildes, como a minha, o curso de serralheiro", recorda, para de imediato acrescentar que só se tornou engenheiro porque seguiu o sonho dos pais: “viemos de famílias humildes, muito humildes. Para os meus pais ter um filho engenheiro era o que mais ambicionavam deixar como legado de vida”. Fez-lhes a vontade e mais do que engenheiro, tornou-se empresário.

Aos 28 anos fundou com Henrique Neto, antigo colega de trabalho na Aníbal H. Abrantes, a Iberomoldes. “Nós nascemos operários da indústria de moldes, não nascemos patrões”, sublinha, ao mesmo que explica que essa condição foi decisiva para a cultura de proximidade e desenvolvimento que conseguiu implementar na empresa ao longo das últimas décadas. Com uma ambição global desde a sua fundação, Joaquim Menezes transformou a empresa que tutela sozinho desde 2009, num grupo global com operações em mais de uma centena de países, presença em quatro continentes e um papel vital no ecossistema da inovação industrial em Portugal.

Joaquim Menezes, presidente da Iberomoldes, durante a gravação do podcast
Joaquim Menezes, presidente da Iberomoldes, durante a gravação do podcast Nuno Fox

Natural de Coimbra, Joaquim formou-se em Engenharia Eletromecânica, mas nunca deixou de procurar constantemente o conhecimento. Passou pela Harvard Business School e pelo Japan Center, em Tóquio, para aprofundar estudos em gestão e inovação que aplicou diretamente na empresa. “Nunca sabemos o suficiente”, garante. Aos 78 anos, Joaquim Menezes mantém-se na liderança da empresa que fundou. E a sucessão, admite, “é uma preocupação”.

“A minha escolha foi dedicar-me um bocadinho em sacerdócio à minha vida profissional e aos meus projetos empresariais e associativos. Isto é o meu combustível”, admite, reconhecendo que essa aposta “fez com que eu desprezasse quase integralmente a minha vida pessoal. Chego aos 78, quase 79 anos e vejo-me sem descendentes, nunca casei e nunca tive filhos”.

Com a responsabilidade de quem sabe que mais do que sua, a Iberomoldes é dos que nela trabalham e que a ela dedicam a sua vida, o presidente admite que a venda da empresa é a solução para garantir a sua sustentabilidade. "Não estarei cá aos 120 anos e é importante garantir que as pessoas que trabalham comigo, sobretudo os mais jovens têm o futuro pela frente na empresa", nota.

O ideal, sublinha Joaquim Menezes, "era encontrar um parceiro que assumisse a empresa, sem me deixar muita margem para eu intervir. Ou há uma venda integral da Iberomoldes, ou, de forma pragmática, não faz sentido".

Cátia Mateus podcast O CEO é o limite
Cátia Mateus podcast O CEO é o limite SIC Notícias

O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: