A Rússia anunciou a assinatura de um novo acordo-quadro com o Irão, que foi sujeito a uma nova ronda de sanções ocidentais devido ao fornecimento de mísseis balísticos a Moscovo. "Esperamos a rápida assinatura de um novo acordo-quadro interestatal", disse Sergei Shoigu, secretário do Conselho de Segurança russo, durante uma reunião com o seu homólogo iraniano, Ali Akbar Ahmadian, em São Petersburgo.
Shoigu, citado pela agência Interfax, especificou que as partes estão a concluir os procedimentos antes da assinatura do documento pelos presidentes dos dois países. O ex-ministro da Defesa russo acrescentou que Moscovo pretende aumentar a cooperação entre os conselhos de segurança de ambos os países e continuará a implementar os acordos alcançados "ao mais alto nível". A visita do dirigente iraniano à Rússia coincide com uma nova vaga de sanções a Teerão.
Os Estados Unidos alertaram o Governo iraniano que o fornecimento de mísseis balísticos a Moscovo para utilização na Ucrânia "constituiria uma escalada dramática" do atual conflito.
Quando dirigia o Ministério da Defesa, Shoigu deslocou-se mais do que uma vez a Teerão para discutir, segundo a imprensa, o fornecimento de armamento pesado para utilização na Ucrânia. O Kremlin observou na segunda-feira que a Rússia vai continuar a sua cooperação em questões sensíveis com o Irão, que vê como um "importante parceiro".
Os Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido condenaram o fornecimento de mísseis balísticos iranianos e anunciaram medidas contra Teerão, como a revogação de acordos bilaterais de transporte aéreo.
"Esta é uma nova escalada no apoio do Irão à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, através da qual os mísseis iranianos atingirão o território europeu e aumentarão ainda mais a dor dos ucranianos", declararam os ministros dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Reino Unido e França num comunicado conjunto, após Washington ter também anunciado medidas contra Teerão.
Para a alemã Annalena Baerbock, o britânico David Lammy e o francês Stéphane Séjourné, "esta é uma escalada tanto do lado iraniano como do lado russo e constitui uma ameaça direta contra a segurança europeia". Neste contexto anunciaram a revogação dos acordos bilaterais de transporte aéreo com o Irão.
A Alemanha, a França e o Reino Unido vão também promover medidas para que a companhia aérea estatal Iran Air seja sancionada. Segundo a Lusa, o Reino Unido aplicou sanções às Forças Aeroespaciais russas, ao Comando da Aviação Militar de Transporte e ao 924º Centro Estatal de Aviação Não Tripulada, bem como contra cinco navios da Marinha russa que terão sido usados no transporte do armamento.
Outras notícias que marcaram o dia:
⇒ As autoridades russas anunciaram que as tropas destacadas no leste da Ucrânia assumiram o controlo de outras quatro cidades situadas na província ucraniana de Donetsk, um dos principais focos da invasão russa desencadeada há mais de dois anos. O Ministério da Defesa russo informou, num comunicado, que o exército conseguiu "libertar" as cidades de Galitsinovka, Grigorovka, Krasnogorovka e Vodianoye, todas localizadas em Donetsk, durante operações realizadas nas últimas 24 horas.
⇒ As defesas aéreas ucranianas abateram 38 dos 46 drones kamikaze Shahed lançados pela Rússia contra o território ucraniano hoje de madrugada, segundo a Força Aérea da Ucrânia. Já a Rússia anunciou a morte de uma pessoa na sequência de um ataque de drones ucranianos na região da capital, Moscovo, e disse ter abatido 144 daqueles aparelhos esta madrugada.
⇒ O procurador-geral ucraniano, Andriy Kostin, afirmou que Kiev está a trabalhar com parceiros internacionais para garantir que a Mongólia vai sofrer consequências depois de não ter executado o mandado de captura internacional contra o Presidente russo, Vladimir Putin.
⇒ O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que as manobras navais 'Okean-2024' realizadas pelas forças navais russas no Mar do Japão com a participação da China são as maiores desde a queda do União Soviética (URSS). "Estamos a realizar exercícios desta magnitude no mar pela primeira vez em três décadas", disse Putin numa mensagem de vídeo aos participantes no exercício.
⇒ O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Lammy, anunciou que se deslocará esta semana a Kiev com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, para manifestar o seu apoio à Ucrânia. Numa conferência de imprensa após um encontro bilateral em Londres, Lammy salientou que esta é "a primeira visita conjunta deste género em mais de uma década".