
França, Alemanha e Reino Unido vão apresentar hoje em Genebra uma "proposta de negociação global" ao Irão, incluindo questões nucleares, atividades balísticas e o financiamento de grupos terroristas na região, anunciou o Presidente francês.
"É absolutamente essencial dar prioridade a um regresso a negociações substantivas", afirmou Emmanuel Macron aos jornalistas à margem do Festival Aéreo de Paris, em Le Bourget, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Macron disse que as negociações devem incluir "as questões nucleares para avançar para o enriquecimento zero [de urânio], as questões balísticas para limitar as atividades e capacidades do Irão e o financiamento de todos os grupos terroristas que desestabilizam a região".
O chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, deverá encontrar-se ainda hoje em Genebra, Suíça, com os homólogos britânico, David Lammy, francês, Jean-Noel Barrot, alemão, Johann Wadephul, e da União Europeia (UE), Kaja Kallas.
Os europeus deverão coordenar-se durante o almoço, antes da reunião prevista para as 15:00 locais (14:00 em Lisboa), segundo a AFP.
O programa nuclear do Irão "é uma ameaça e não deve haver laxismo nesta área", disse Macron.
O líder francês referiu, no entanto, que "ninguém pode pensar seriamente" que a ameaça nuclear iraniana possa "ser enfrentada apenas com as operações atuais", aludindo à ofensiva de Israel contra o Irão.
"Há instalações [nucleares] que estão extremamente protegidas" e "ninguém sabe hoje exatamente onde está o urânio enriquecido a 60% (...). Portanto, este é um programa sobre o qual temos de recuperar o controlo através de conhecimentos técnicos e de negociação", defendeu.
Segundo uma fonte diplomática citada pela AFP, a solução global passaria por "definir um quadro de verificação alargada das instalações nucleares iranianas", que envolveria inspeções sem aviso prévio da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
"Seria um modelo de inspeção semelhante ao que foi criado para o setor nuclear no Iraque depois de 1991 e da Guerra do Golfo, que viu a derrota de Saddam Hussein", acrescentou a mesma fonte.
Macron apelou também a Israel para que pare com os ataques às infraestruturas civis iranianas.
"Nada justifica os ataques contra as infraestruturas energéticas e as populações civis", afirmou.
Macron disse que também não se pode esquecer a situação na Faixa de Gaza, onde Israel tem em curso uma ofensiva militar desde que sofreu um ataque do grupo radical palestiniano Hamas em outubro de 2023.
O Presidente francês defendeu que Gaza "exige um cessar-fogo o mais rápido possível, o reinício da ajuda humanitária e a retoma dos trabalhos políticos", por "razões humanitárias e de segurança".
Alegando que o Irão estava prestes a adquirir uma bomba atómica, Israel lançou um ataque aéreo maciço contra a República Islâmica em 13 de junho, o que desencadeou a resposta iraniana.
Desde então, tem havido uma sucessão de ataques israelitas contra o Irão e lançamentos de mísseis iranianos contra o território israelita.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, levantou na quinta-feira a possibilidade substancial de negociações com o Irão e disse que iria decidir "nas próximas duas semanas" se os Estados Unidos iriam intervir no conflito ao lado de Israel.