O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, recebeu na quarta-feira em Washington o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, a quem reafirmou o "compromisso inabalável com a segurança" deste país.

O encontro entre Rubio e o homólogo Gideon Sa'ar aconteceu enquanto, segundo um conselheiro do Presidente Donald Trump, tem lugar na Casa Branca uma reunião para elaborar um plano completo para o pós-conflito na Faixa de Gaza, onde Israel continua a escalar as suas operações militares.

Segundo 'media' como o Axios e a BBC, participam na reunião o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e o genro e antigo conselheiro de Trump, Jared Kushner, mas não qualquer responsável palestiniano.

A Casa Branca não divulgou oficialmente informações sobre o encontro, que não consta da agenda oficial do Presidente.

Sobre o encontro entre Rubio e Sa'ar em Washington, os dois lados divulgaram notas semelhantes.

Segundo o Departamento de Estado, Rubio e Sa'ar "concordaram que a cooperação estreita e contínua entre os seus países é vital para a segurança e prosperidade da região" e o secretário de Estado "discutiu a importância de combater a influência maligna do Irão" na região.

A Embaixada de Israel em Washington afirmou que foram discutidos "os diferentes desafios e oportunidades no Médio Oriente", incluindo a potencial ameaça nuclear do Irão, a guerra em Gaza e a importância de "repelir as iniciativas anti-Israel na arena internacional".

Num breve contacto com a imprensa, nenhum dos chefes de diplomacia respondeu a perguntas.

Plano "sólido e bem-intecionado" a ser preparado

Sobre a reunião na Casa Branca, o enviado presidencial Steve Witkoff afirmou na estação televisiva Fox News que se destinava a "elaborar um plano muito completo para o dia seguinte" no território palestiniano.

"Penso que muitas pessoas vão perceber o quão sólido e bem-intencionado este plano é ", afirmou, sem dar mais detalhes.

Em fevereiro, Donald Trump lançou a ideia de uma tomada de controlo da Faixa de Gaza pelos Estados Unidos para a reconstruir e transformá-la na "Riviera do Médio Oriente".

Os seus habitantes palestinianos, aludiu, poderiam ser transferidos para o Egito ou a Jordânia.

Aclamado pela extrema-direita israelita, a ideia foi rejeitada pelos países árabes e pela maioria das nações ocidentais, com a ONU a alertar para uma "limpeza étnica" em Gaza.

No início de agosto, o gabinete de segurança israelita aprovou um plano do exército que, segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, visa "acabar com a guerra".

O plano prevê, nomeadamente, a criação, a prazo, de uma "administração civil pacífica não israelita" no território palestiniano.

O encontro desta quinta-feira tem lugar entre crescente indignação com o duplo ataque israelita desta semana a um hospital no sul de Gaza, que matou jornalistas, socorristas e outros civis, num total de 22 pessoas, segundo o mais recente balanço das autoridades de saúde de Gaza.

O Hamas afirmou na semana passada que aceitou um plano de cessar-fogo por parte dos mediadores árabes.

O Qatar, que após mais de um ano de mediação raramente atribuiu culpas, afirmou na terça-feira que Israel ainda não respondeu oficialmente e "não quer chegar a um acordo".

Na semana passada, uma autoridade do Qatar afirmou que a proposta em discussão era "quase idêntica" a um rascunho anterior apresentado por Steve Witkoff e aceite por Israel.

O acordo, que estaria em discussão, incluiria uma trégua de 60 dias, a libertação de alguns dos restantes 50 reféns detidos pelo Hamas em troca de centenas de prisioneiros palestinianos, um aumento da ajuda humanitária a Gaza e um roteiro para negociações sobre um cessar-fogo duradouro.

Os ministros mais radicais dentro na coligação de Netanyahu opõem-se a este acordo por fases.

Israel entretanto aprovou planos para tomar a cidade de Gaza e anunciou que pretende forçar a população a transferir-se para o sul do território, um projeto considerado irrealista e perigoso por organizações humanitárias.

A guerra em curso foi desencadeada pelo ataque do grupo extremista palestiniano Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e de 250 reféns.

A ofensiva israelita que se seguiu na Faixa de Gaza provocou mais de 62.700 mortos até agora, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, considerados fiáveis pela ONU.

Após quase dois anos de guerra, a ONU declarou em 22 de agosto uma situação de fome na província de Gaza, no norte do território, o que acontece pela primeira vez no Médio Oriente.