
O plano pós-guerra dos Estados Unidos para Gaza prevê a deslocação de toda a população do território palestiniano, que ficaria sob administração norte-americana durante dez anos para ser transformado num polo turístico e tecnológico, foi este domingo divulgado.
A informação foi publicada pelo jornal norte-americano The Washington Post, que teve acesso ao plano de 38 páginas, prevendo a deslocalização "voluntária" dos cerca de dois milhões de residentes na Faixa de Gaza para outros países ou zonas seguras dentro do enclave, devastado por quase dois anos de guerra, enquanto este é reconstruído.
De acordo com o plano, os que concordarem sair receberão 5.000 dólares (4.276 euros) em dinheiro, além de ajuda para pagar quatro anos de renda e um ano de alimentação.
Os proprietários de terrenos receberiam "tokens digitais" para utilizar no financiamento de uma nova vida noutro local ou trocar por um apartamento numa das seis a oito novas "cidades inteligentes com tecnologia de IA (Inteligência Artificial)" que se prevê sejam construídas em Gaza.
Investimentos públicos e privados financiariam fábricas de automóveis elétricos, centros de dados e hotéis, ficando o território durante a reconstrução sob administração de uma entidade chamada Fundo para a Reconstrução, Aceleração Económica e Transformação de Gaza, ou GREAT Trust.
O plano prevê que a gestão do enclave fique a cargo deste organismo durante dez anos antes passar para uma "entidade palestiniana reformada e desradicalizada".
A "Riviera do Médio Oriente" de Donald Trump
Segundo o The Washington Post, o plano foi desenvolvido por alguns dos israelitas ligados à Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma organização privada apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, criada para distribuir ajuda alimentar e alvo de muitas críticas.
A agência noticiosa France-Presse (AFP) pediu um comentário ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, que não respondeu imediatamente.
Em fevereiro, o Presidente norte-americano, Donald Trump, lançou a ideia de uma ocupação da Faixa de Gaza pelos Estados Unidos para a transformar na "Riviera do Médio Oriente", depois da saída dos seus habitantes, que, segundo ele, poderiam ser realojados no Egito e na Jordânia, países árabes vizinhos de Israel.
O projeto foi elogiado pela extrema-direita israelita e rejeitado pelos países árabes e pela maioria dos países ocidentais, tendo as Nações Unidas alertado para uma possível "limpeza étnica" em Gaza.