
Com a ajuda do Presidente norte-americano, Donald Trump, Israel e o Irão acordaram um cessar-fogo que foi anunciado esta segunda-feira à noite, após 12 dias de ataques mútuos que chegaram a envolver os Estados Unidos. No entanto, a agressão militar ainda não terminou.
Apesar de as tréguas já terem entrado em vigor, Israel acusou o Irão de violar o cessar-fogo e de lançar mísseis, o que, por sua vez, foi desmentido por Teerão. Ainda assim, o ministro da Defesa israelita deu instruções às Forças Armadas para retomarem o ataque contra alvos militares e governamentais iranianos.
Também Donald Trump reconheceu entretanto, e desapontado, que os dois lados violaram o acordo de tréguas. “Estamos num momento de indefinição. Não sendo os Estados Unidos atores diretos no conflito — embora tenham tido uma participação episódica —, a verdade é que vai depender das duas partes o cumprimento dessa vontade”, afirma José Palmeira.
“Agora, o cessar-fogo não resolve o problema de fundo. O problema de fundo só pode ser resolvido a partir de negociações que agora se vão iniciar”, sendo “certo que a pressão internacional vai ser muito grande para que o conflito não seja reaberto”, acrescenta o professor de Relações Internacionais da Universidade do Minho.
Muitas vezes, o que acontece nestes “cessar-fogos, designadamente quando são declarados por terceiros, como é o caso dos Estados Unidos, é que as partes não estão imediatamente preparadas para o seu cumprimento, querem acabar o que ainda não concluíram, e essa parece de facto uma característica desta situação”.
Antes das supostas tréguas, na última quinta-feira Donald Trump tinha dito que iria pensar sobre uma eventual intervenção dos EUA na guerra durante “as próximas duas semanas”. Mas, no fim de semana, aviões norte-americanos bombardearam três instalações nucleares iranianas.
“É uma característica que procura utilizar a seu favor, isto é, ele cria alguma incerteza nos principais atores e utiliza a seu favor essa mesma incerteza, procurando surpreendê-los. E não há dúvida de que o ataque dos Estados Unidos surpreendeu pelo momento em que aconteceu”, analisa José Palmeira. “Outra característica de Trump é que ele tenta impor a diplomacia pela força.”
Este episódio extra foi conduzido pela jornalista Mara Tribuna e contou com a edição técnica de João Luís Amorim. O Mundo a Seus Pés é o podcast semanal da editoria Internacional do Expresso. A condução do debate é rotativa entre os jornalistas Ana França, Hélder Gomes, Mara Tribuna, Pedro Cordeiro e Catarina Maldonado Vasconcelos. Subscreva e ouça mais episódios.