
Lisboa tornou-se o paraíso para muitos nómadas digitais. Há espaços de co-living a serem criados para acolher estes profissionais (ainda que esse não seja o único fim) e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, a definir como objetivo o reforço da "capacidade de Lisboa em atrair talento". Kaitlin Wichmann é um desses talentos vindos de fora para encontrar na capital portuguesa uma nova 'casa'.
Há 10 anos, num trabalho fixo em Los Angeles numa agência de publicidade, a norte-americana percebeu que queria mais para a sua vida do que um trabalho das 9h às 17h, no mesmo escritório e secretária de sempre. Foi então que decidiu mudar de vida, tornar-se a sua própria chefe e viajar pelo mundo.
Primeiro começou por fazer trabalhos freelance de marketing enquanto trabalhava a tempo inteiro na agência. Depois, quando conseguiu uma carteira de clientes suficientes para ter uma vida modesta, trocou os EUA por Bali, na Indonésia, em 2019. Seguiram-se Chiang Mai, na Tailândia, algumas semanas no Vietname e mais dois meses em Buenos Aires, na Argentina.
Durante a pandemia de Covid-19 teve de regressar ao país de origem, mas em 2021 queria voltar às mudanças. Foi ao investigar novos locais onde pudesse viver que se lembrou de uma viagem à ilha da Madeira, em Portugal. A partir daí, o destino estava traçado: Lisboa. A capital portuguesa reunia os requisitos desejados pela norte-americana como o bom clima, a proximidade da praia, uma grande comunidade internacional e uma cidade onde o estilo de vida fosse saudável.
Agora, aos 31 anos, a nativa do estado norte-americano do Kansas trabalha menos, cerca de 20 horas semanais, ganha mais do que na agência em Los Angeles - cerca de 6 mil por mês, embora o rendimento possa variar entre dois mil euros e 10 mil euros por mês - e tem tempo para hobbies como ténis, padel, aulas de português, praia e viajar.
Wichmann fez o pedido de visto de residência D7, destinado a quem tem rendimentos passivos regulares, seguindo as diretrizes da Covid. Tudo remotamente.
O visto concedeu-lhe autorização para residir em Portugal e, ao chegar, solicitou residência por dois anos, tendo o mesmo sido renovado em 2023, obtendo mais três anos de residência.
A nómada digital chegou a viver num espaço de co-living, depois foi vivendo em quartos arrendados, tendo-se mudado várias vezes, até encontrar um apartamento próprio com um contrato de arrendamento de três anos.