
"É preciso o diálogo, é preciso haver diplomática. Se alguém que, supostamente, por uma atuação unilateral, pode criar condições para um cessar-fogo, falha, só há uma maneira de não se falhar: Realmente os que estão interessados, ou devem estar interessados no cessar-fogo, falarem todos entre si. Se não é uma barafunda. O mundo transforma-se numa barafunda. Promete-se uma coisa num dia e, no outro, é outra coisa", declarou à comunicação social o Presidente da República, momentos após a sua chegada a Maputo.
Marcelo Rebelo de Sousa, que vai participar nas comemorações dos 50 anos da proclamação da independência de Moçambique na quarta-feira, referia-se a ataques israelitas ao Irão após a entrada em vigor do cessar-fogo, como retaliação ao lançamento iraniano de vários mísseis.
A justificação do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi que "pouco antes do cessar-fogo entrar em vigor, o Irão lançou uma bateria de mísseis, um dos quais causou a morte de quatro cidadãos em Beerseba".
Para Marcelo Rebelo de Sousa, o principal problema neste conflito é a falta de diálogo e multilateralismo.
"Faz falta haver diálogo, faz falta haver multilateralismo (...)quando se vê a liderança de uma superpotência declarar que vai haver cessar-fogo e depois, na primeira esquina da história, quer dizer, em menos de 24 horas, reconhecer que não há cessar-fogo - Como se viu em relação à Ucrânia (...), quer dizer que, no fundo, já não há superpotência nenhuma que seja tão superpotência", declarou ainda o Presidente da República Portuguesa.
Portugal e os membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa, querem ser "permanentemente plataforma de diálogo".
"Estamos em todos os continentes, banhados por todos os oceanos (...) Quer dizer que podemos estabelecer diálogos. Diálogos com a Europa, diálogos entre a Europa e a África, entre a Europa e a América Latina, a Europa e a Ásia, entre todos, porque se não as pessoas deixam de acreditar na política e nos políticos", concluiu o Presidente português.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, instou hoje Israel e o Irão a "respeitarem integralmente" o cessar-fogo anunciado na segunda-feira pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O secretário-geral das Nações Unidas disse que espera ver este acordo "replicado noutros conflitos na região", em alusão à guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, que não foi interrompida pelas hostilidades israelo-iranianas.
Guterres é visto com desconfiança por Israel, devido aos seus pronunciamentos sobre a guerra na Faixa de Gaza e aos sucessivos obstáculos que Telavive coloca às agências das Nações Unidas na Palestina.
EAC (ANC/PDF/HB)// ANP
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