
"Acreditamos que o câmbio de equilíbrio face ao dólar para o presente momento estará numa banda próxima aos valores atualmente negociados entre os 490 e 510 kwanzas por dólar, o que será consistente com a satisfação das necessidades cambiais de Angola, correspondendo a um equilíbrio e possível superávite da balança de pagamentos angolana, refletindo-se numa estabilização e possível crescimento do nível de Reservas Internacionais Líquidas", lê-se numa nota sobre a evolução da moeda angolana.
Na nota, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que "ainda que a perspetiva de mercado seja a de uma taxa de câmbio mais depreciada, um olhar para os fundamentos económicos de Angola aponta para que o USD/AOA esteja já próximo da taxa de câmbio de equilíbrio", mas alertam que "não é de desprezar a possibilidade de que a taxa de câmbio siga um processo de 'overshooting' [ultrapassagem do valor adequado] mantendo-se, por um período temporário, mais depreciada do que o adequado, apreciando depois".
A liberalização da variação cambial entre o kwanza e o dólar, decidida pelo Banco Nacional de Angola em meados deste mês, resultou numa perda de valor da moeda nacional angolana de 23,8% em outubro, acumulando uma queda de 37,8% desde o início do ano até segunda-feira.
De acordo com o BFA, este objetivo das autoridades torna as importações mais caras em moeda local, diminuindo a procura de produtos estrangeiros e de divisas, ao mesmo tempo que torna as exportações angolanas mais baratas, com exceção do petróleo, cujo nível e custos de produção são inalteráveis a curto prazo, o que "pode pesar para incentivar investimentos para produzir bens de exportação em Angola, ou substituir importações", que é um dos principais objetivos do Governo.
O BNA anunciou em 23 de outubro uma série de medidas tomadas na reunião extraordinária do Comité de Política Monetária, entre as quais o fim da margem de 2% sobre a taxa de câmbio de referência que era praticada pelos bancos comerciais na comercialização de moeda estrangeira no mercado interbancário e aos clientes.
No início do ano, o BNA tinha já retirado o limite de 2% imposto aos bancos no leilão de divisas e elimina agora a margem de 2% que os bancos podem aplicar, esperando encontrar um equilíbrio cambial até ao final do ano.
O comité de política monetária do BNA decidiu também manter inalterada a taxa de juro nos 15,5% e ajustou de 17% para 22% o coeficiente de reservas obrigatórias para moeda nacional.
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