O Banco Central Europeu (BCE) anuncia hoje uma nova decisão de política monetária, com os analistas a anteciparem uma manutenção das taxas de juro diretoras, interrompendo uma série de sete descidas consecutivas.

"É praticamente certo que o BCE [Banco Central Europeu] irá manter as taxas de juro, o que tornará a reunião de julho a primeira do ano em que não são anunciados cortes de juros. Os mercados têm a expectativa de que a 'depose' irá manter-se nos 2%, com uma probabilidade próxima de 100%", refere o BPI Research, na antecipação desta reunião.

No entender do BPI Research, a pausa está alinhada com a nova estratégia de política monetária apresentada pelo BCE no início do mês, em que "reconhece a existência de um ambiente estruturalmente mais incerto e volátil, defendendo a necessidade de ter uma capacidade de atuação flexível".

Na última reunião de política monetária em 04 e 05 de junho, em Frankfurt, o BCE decidiu baixar a sua principal taxa de referência para 2,0%, tendo esta sido a sétima redução consecutiva.

Desde junho de 2024 que o BCE tem invertido o seu ciclo de restrição iniciado dois anos antes para combater a subida de preços, tendo a taxa de depósito passado de um recorde de 4,0% para 2,0%, um valor que não é considerado prejudicial para a economia.

A haver novas mexidas, serão deixadas para depois de agosto, com vários analistas a preverem um último corte de 25 pontos base que deixe a taxa de depósitos nos 1,75% antes do fim do ano.

A expectativa é partilhada pelo economista sénior da Generali Investments Martin Wolburg, que apontou que o BCE deverá segurar as taxas diretoras, "mas manter uma postura de política aberta".

Martin Wolburg afirmou ainda que a recente valorização do euro poderá ter um efeito de desinflação, isto num cenário em que "o crescimento é fraco e está rodeado de riscos geopolíticos e relacionados com as tarifas".

O diretor de Investimento Global (CIO) de Mercados Públicos da Allianz Global Investors (Allianz GI), Michael Krautzberger, também partilhou a expectativa de que o BCE interrompa os cortes nas taxas de juro na reunião de hoje.

Krautzberger considerou as tensões comerciais entre Estados Unidos da América e UE como o maior risco a curto prazo para a economia do euro, mas destacou que os dados dos inquéritos na zona euro "recuperaram de mínimos em abril, impulsionados pelas tarifas, enquanto a inflação está de novo próxima da meta de inflação do BCE".