
O Presidente da Câmara Municipal de Loures diz que a autarquia deu apoio às familias que o pediram e que quem vivia no Bairro do Talude foi avisado das demolições. Garante ainda que a Câmara vai continuar a demolir construções ilegais.
Num vídeo partilhado no Facebook, Ricardo Leão diz que as construções ilegais são inaceitáveis e colocam em causa a "segurança, a salubridade e a dignidade das pessoas."
Não querendo "alimentar discursos políticos", garante que esta não foi a primeira, nem será a última intervenção do género promovida pela autarquia.
"Temos um único objetivo: defender a segurança das pessoas, garantir condições mínimas de dignidade humana e em todos os casos o princípio é claro. Não permitimos que se viva em condições desumanas, ilegais e perigosas e não permitimos, no concelho de Loures, a construção de barracas, não por falta de empatia, mas porque é a única forma de garantir a segurança e justiça para todos."
Garante ainda que, antes das demolições que arrancaram na segunda-feira, todos os habitantes do bairro do Talude foram "informados pessoalmente" pelos serviços da Câmara Municipal.
O autarca assegura também que, das famílias visadas que procuraram a Câmara Municipal, "ninguém ficou sem resposta".
Ricardo Leão garante ainda que o apoio às pessoas afetadas continua disponível, “apesar de nenhuma das pessoas ter pedido ajuda antes”.
Mais de 160 pessoas vivem no Talude
A Câmara de Loures iniciou uma operação de demolição de 64 habitações precárias no Talude Militar, onde vivem 161 pessoas, entre as quais crianças e idosos.
Nesse dia foram demolidas 51 casas precárias, a que se somaram mais quatro na terça-feira, mas, entretanto, a operação foi suspensa depois de o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa ter aceitado uma providência cautelar interposta por uma advogada em representação de 14 moradores do bairro e ter decretado a suspensão provisória das demolições.
A demolição de 55 habitações precárias foi feita sem qualquer alternativa habitacional, tendo a autarquia de Loures anunciado na terça-feira que uma das famílias do Talude Militar "foi encaminhada para um centro de acolhimento" e outras duas "para uma unidade hoteleira".
Além disso, o executivo camarário garantiu que foi apresentada a possibilidade de a câmara assegurar o pagamento de um mês de caução e outro de renda, "como apoio ao arrendamento no mercado habitacional".
Na terça-feira, a Procuradoria-Geral da República confirmou que abriu um inquérito sobre o processo de demolição de casas precárias em Loures.