Enquanto em Portugal se dá passos para proibir os telemóveis nas escolas – essa foi até uma das grandes promessas de Luís Montenegro, durante a campanha eleitoral da AD -, há países a fazerem o caminho inverso.

Na Estónia, as crianças não só são chamadas a usar os telemóveis nas salas de aula, como vão passar a ter, cada uma, uma contra própria de Inteligência Artifical (IA).

A medida entra em vigor já a partir de setembro, de acordo com o jornal The Guardian.

O objetivo é equipar os estudantes e os professores com “ferramentas e competências de inteligência artificial de classe mundial”. Para tal, o país está a negociar licenças com a OpenAI, a empresa norte-americana de investigação em inteligência artificial responsável pelo ChatGPT.

Os primeiros a ter acesso a estas ferramentas serão os alunos de 16 e 17 anos. Mas a ideia é torná-las mais abrangentes e que cheguem a 58 mil estudantes e 5 mil professores nos próximos dois anos.

Os professores vão receber formação específica sobre aprendizagem autónoma e ética digital, focada na equidade educativa e na literacia em IA.

"É uma questão de urgência"

Constatando o ceticismo de outros países quanto à ideia, a ministra da Educação da Estónia, Kristina Kallas, sublinhou que, naquele país, os telemóveis são utilizados como “ferramenta de aprendizagem”.

“É uma questão de urgência”, defendeu a ministra , citada pelo The Guardian . "Estamos a enfrentar agora este desafio evolutivo e de desenvolvimento. Ou evoluímos para criaturas de pensamento mais rápido e de nível mais elevado, ou a tecnologia apoderar-se-á da nossa consciência".

Aa posta na tecnologia é um dos motivos apontados para o sucesso educativo da Estónia. O país é um dos melhores, a nível europeu, no desempenho nos testes Pisa (o Programa Internacional de Avaliação de Alunos), desenvolvidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e que têm como objetivo traçar o retrato dos sistemas educativos dos vários países.

Na última edição dos testes, os alunos da Estónia apresentaram os melhores resultados de toda a Europa nas categorias de Matemática, Ciências e Pensamento Criativo e ficaram em segundo lugar na categoria de Leitura. O país, que antigamente era parte da União Soviética, ficaà frente de nações, como a vizinha Finlândia, com orçamentos muito maiores.