
O presidente da Associação Académica da Madeira (AAUMa), Ricardo Bonifácio, defendeu, durante a cerimónia de Tomada de Posse do novo Reitor da Universidade da Madeira (UMa), a necessidade urgente de investimento estrutural na instituição, apelando também à defesa da sua autonomia e à valorização do papel dos estudantes na vida académica.
O dirigente estudantil destacou o impacto da UMa na sociedade madeirense, assinalando que já foram diplomados mais de 14 mil estudantes e que a média anual ultrapassa os 600 diplomados. “Estes dados não são apenas estatísticas, são vidas transformadas, mobilidade social criada, capital humano qualificado em diversas áreas na nossa Região”, frisou.
Contudo, Ricardo Bonifácio alertou para aquilo que designou como um “duplo bloqueio estrutural” que compromete o desenvolvimento pleno da universidade. “Por um lado, verifica-se a ausência de infra-estruturas capazes de suprir as necessidades reais da nossa actividade lectiva e de investigação. Por outro, há um sub-financiamento sistemático, sem qualquer compensação robusta pelos custos acrescidos da insularidade”, disse.
O líder da AAUMa criticou ainda a retirada do projecto de ampliação do edifício do CITMA do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), considerando a decisão injusta. “Revela a falta de visão sobre as reais necessidades da nossa Universidade”, disse.
“Uma universidade que quer ser de excelência não pode continuar a operar em edifícios saturados, com instalações sobrelotadas, e dependente de sacrifícios orçamentais para cumprir a sua missão.” Ricardo Bonifácio
Num momento em que se discute o papel das universidades na sociedade, Bonifácio alertou para as ameaças à autonomia académica, dando como exemplo recente o caso das universidades nos Estados Unidos, que se uniram contra a interferência política da administração Trump.
“A autonomia universitária é um bem precioso, mas constantemente ameaçado. Temos de estar preparados para defender o espaço da universidade como espaço de liberdade, de pluralismo, de crítica e de construção de alternativas”, defendeu.
Por fim, Ricardo Bonifácio concluiu com uma mensagem de mobilização e esperança, apelando a comunidade académica a lutar por uma universidade melhor.
“A universidade que temos ainda está longe da universidade de que precisamos. Essa é a universidade com que sonhamos. Uma Universidade da Madeira capaz de competir com as melhores, de atrair talento, de fixar conhecimento, não se constrói com promessas, mas sim com investimento, com orçamentos robustos, com uma acção determinada.”