Patricia não é caso isolado e faz parte de um universo crescente, uma vez que os diagnósticos de cancro da mama antes dos 50 anos, que antes eram raros, aumentam agora em 3,5% de ano para ano. Portugal não foge a esta tendência, como explica Catarina Santos, Coordenadora da Unidade da Mama na CUF - "os nossos próprios números nacionais do Relatório Oncológico Nacional mostram este crescimento de diagnósticos em mulheres com menos de 50 anos e inclusive na faixa com menos de 40 anos".
A razão para este aumento é entre especialistas meramente especulativa, a comunidade científica identifica apenas a prevalência de tumores em idade jovem com relação genética ou origem hormonal, que podem estar relacionados "com as alterações dos padrões reprodutivos, de gravidezes mais tardias ou não gravidezes, tratamentos hormonais em idades muito precoces, fatores ambientais, fatores relacionados com a alimentação", como explica a médica. Ainda que que existam especialistas que expliquem o aumento do número de casos com sobrediagnóstico, a maioria discorda, uma vez que é o diagnóstico tardio que faz com que muitas vezes os tumores sejam detetados em fases mais avançadas.
Em Portugal o rastreio populacional foi alargado para os 45 anos, mas Catarina Santos alerta que os números mostram que "o rastreio individual deve começar bastante mais cedo". Uma opinião partilhada por Patrícia Rodrigues, que sublinha a necessidade de apostar na sensibilização: "é preciso mesmo começarmos a ter sensibilidade de que isto acontece também a pessoas jovens, o cancro já não é só uma doença de pessoas idosas".
Aumentar a sensibilização tem benefícios sobretudo ao nível da prevenção: conhecer riscos, sinais de alerta e saber fazer o autoexame da mama é determinante, uma vez que o diagnostico precoce é a chave para o sucesso dos tratamentos.