Geridos por essa autarquia do distrito de Aveiro, os dois museus contíguos inauguraram a exposição em março e previam tê-la patente ao público até agosto, mas decidiram alargar o prazo de visita porque essa mostra inédita, concebida especificamente para os referidos equipamentos culturais, tem registado uma "grande afluência", com números de visitantes acima da média.

Em declarações à Lusa, a diretora do Museu da Chapelaria, Tânia Reis, referiu: "Até ao passado dia 30 de julho, a exposição foi visitada por mais de 8.600 pessoas. Deste número, destacamos os visitantes com mais de 65 anos, muitos dos quais se deslocaram a São João da Madeira especificamente para visitar a exposição".

A mesma responsável deu conta de que a maioria dessas visitas foi realizada "em família", embora a mostra também tenha recebido "bastantes grupos organizados", provenientes de lares, instituições sociais e operadores turísticos.

"Era suposto a exposição terminar agora, a 14 de agosto, mas, tendo em conta esta afluência, em especial por parte da comunidade emigrante no período do verão, ficou acordado com a Fundação Amália Rodrigues que a mostra só terminaria em dezembro", explica Tânia Reis.

Nessa decisão também influiu a previsão de que o nível de procura por parte dos emigrantes portugueses volte a ser significativo "na época do Natal", quando grande parte da comunidade emigrada regressa ao país para passar as festas com a família. O mesmo deverá acontecer com o público estrangeiro, a avaliar pelos visitantes de 20 nacionalidades que a exposição recebeu até julho, com predomínio de turistas oriundos de Espanha, França e Brasil.

O prolongamento da mostra foi acordado com a Fundação Amália Rodrigues, que, enquanto proprietária das centenas de peças da fadista reunidas para o efeito nos dois museus, cedeu vestuário, joias e também calçado. Só nesse domínio, a exposição reúne 219 pares de sapatos da cantora, que, tendo vivido entre 1920 e 1999, fez carreira internacional e era considerada uma diva da música.

Esse estatuto é, contudo, relativamente desconhecido entre a população mais jovem, como realçou Tânia Reis: "A exposição foi bastante pedagógica para o público escolar porque uma grande parte das crianças e jovens que nos visitaram não conhecia a artista. Foi por isso que nas visitas escolares, além do papel de Amália Rodrigues na elevação do Fado a Património da Humanidade, abordámos temas como a emancipação da mulher e o período do Estado Novo".

A exposição "Amália Mulher" fica agora patente até fim de dezembro de 2022, sempre de terça-feira a domingo, a preços até aos oito euros -- consoante o ingresso seja apenas para um museu ou para os quatro equipamentos culturais que a autarquia gere na cidade. Aos domingos de manhã, entre as 10:00 e as 12:30, a entrada é gratuita.

Tânia Reis acrescentou que os visitantes devem contar com uma situação que, não estando sob o controlo dos museus, tem, ainda assim, sido frequente desde março: "Não raras vezes, os grupos terminam esta visita a cantar fado. É uma ação espontânea, motivada quer pelas letras que apresentamos nos painéis expositivos, quer pelas memórias que a vida e obra desta grande mulher lhes evocam".

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