Desde sempre, o digital e a tecnologia foi um território exclusivo dos programadores. Criar uma aplicação, automatizar processos ou lançar uma plataforma digital exigia conhecimentos técnicos avançados ou investimentos significativos na aprendizagem. Para muitos, a porta de entrada para o mundo digital estava trancada tal como um clube exclusivo onde só alguns entram e o Digital gap gerava assimetrias crescentes.

E hoje em dia? Não nos iludamos: à medida que a tecnologia evolui, infelizmente também se aprofundam as desigualdades. A Inteligência Artificial é o exemplo mais evidente. O seu potencial é imenso, mas está a ser explorado sobretudo por uma minoria tecnicamente capacitada. Os melhores ficam ainda melhores e os piores nem tanto. O risco? Deixar grande parte da população para trás — sem acesso, sem voz, sem poder participar nesta nova economia digital.

É por isso que democratizar a tecnologia não é apenas desejável — é urgente.

Felizmente, hoje, essa realidade está a mudar. O movimento No-Code ou programação visual sem código, surge como uma solução potente, que permite que qualquer pessoa, independentemente do seu background (técnico ou não técnico), possa criar soluções digitais. Estas tecnologias democratizam o acesso à tecnologia, tornando-a mais inclusiva e acessível.

E o No-Code não é apenas uma moda; é uma tendência relativamente silenciosa que pode redefinir o status-quo e a forma como interagimos com a tecnologia. Permite que indivíduos transformem ideias em realidade, sem a necessidade de escrever uma única linha de código, sem necessário de tanto know-how técnico. Esta transformação é particularmente relevante num mundo onde a adaptabilidade e a inovação são essenciais.

É neste contexto que surge o programa Descodifica-te, uma iniciativa do NoCode Institute com o apoio da Fundação Ageas e Fundação MEO. Mais do que um curso, é um catalisador de mudança. Destinado a mulheres em transição de carreira, mães e cuidadoras que aspiram a um futuro melhor, o programa capacita estas pessoas a iniciarem uma carreira na economia digital.

O Descodifica-te não se limita a ensinar competências técnicas. Ele promove uma mudança de mentalidade, encorajando os participantes a verem-se como criadores de soluções, capazes de enfrentar desafios e inovar. Através de uma metodologia prática e centrada no desenvolvimento de projetos reais, os participantes ganham confiança e autonomia para navegar no mundo digital.

O impacto é claro. Em 2023, 42% das mulheres desempregadas em Portugal estavam nesta situação há mais de um ano. Com o apoio de parcerias estratégicas, como a Fundação Ageas e a Fundação MEO, o Descodifica-te 2025 apoiou 150 mulheres a fazer uma transição de carreira digital em apenas seis meses. Tudo isto, sem escrever uma única linha de código.

As várias histórias de sucesso que durante o programa aconteceram demonstram que, quando se removem as barreiras ao acesso à tecnologia, todos beneficiam. Profissionais em transição encontram novas oportunidades, conseguem gerir projetos flexíveis e têm acesso a novas possibilidades de trabalho que se adaptam às suas necessidades.

O No-Code e a IA, e o programa Descodifica-te estão a abrir portas que antes estavam fechadas. Estão a permitir que mais mulheres participem ativamente na economia digital, promovendo a inclusão, a diversidade e, acima de tudo, a equidade. Porque o futuro não pode ser construído apenas por alguns — tem de ser construído por todos, todos, todos.

Co-founder @ NoCode Institute