
No passado dia 24 de julho, o mundo do wrestling perdeu uma das suas figuras mais icónicas. Hulk Hogan, o homem que transformou o wrestling profissional num espetáculo global, morreu aos 71 anos, vítima de uma paragem cardíaca. A notícia caiu como uma bomba entre fãs de todas as idades – mesmo para aqueles, como eu, que nunca o viram lutar ao vivo, mas que sempre sentiram a sua presença.
Cresci já depois do auge da Hulkamania, mas bastava ver vídeos das suas entradas triunfais ao som de Real American, o rasgar da T-shirt e o vibrar das multidões para perceber: este homem não era só um lutador, mas uma lenda.
Hulk Hogan foi o rosto de uma era. Na década de 1980, enquanto a WWE (então WWF) começava a ganhar espaço nos grandes ecrãs da televisão, Hogan estava no centro da revolução. A sua energia, o seu carisma e a sua figura “larger than life” tornaram-no num fenómeno de popularidade nunca antes visto no wrestling.
Com frases como “Train, say your prayers and eat your vitamins” e uma imagem que misturava heroísmo, espetáculo e bravura, Hogan conquistou corações e ergueu a indústria aos ombros. Literalmente. Quem viu – mesmo em gravação – o momento em que ergueu André The Giant no WrestleMania 3 diante de mais de 90 mil pessoas, sabe do que falo: foi história a acontecer diante dos olhos.
O seu legado vai muito além dos cinturões, embora tenha sido campeão múltiplas vezes e detentor de um dos reinados mais longos da história. O seu verdadeiro título foi sempre outro: o homem que levou o wrestling para o mundo inteiro.
E mesmo num momento em que muitos achavam que estava acabado para o wrestling, reinventou-se como “Hollywood Hogan”, aquando da sua ida para a WCW, então empresa rival da WWE/WWF. Conseguiu chocar o mundo por aliar-se à icónica facção nWo, ao tornar-se heel (vilão) pela primeira vez na sua carreira, fazendo com que essa empresa vencesse por muitos anos a Guerra das Audiência contra a WWE.
Mesmo fora dos ringues, continuou a ser uma referência. Do cinema (participou na saga Rocky) à televisão, passando por participações especiais e homenagens, o seu nome nunca desapareceu do radar da cultura pop.
A notícia da sua morte deixa um vazio estranho. Porque Hogan sempre pareceu imortal. Uma daquelas figuras que pertencem ao imaginário coletivo, que ultrapassam o tempo e a idade. Mas a verdade é que as lendas, infelizmente, também morrem.
E ainda assim, o legado que ele deixou nunca morrerá. A Hulkamania vive em cada fã que veste as suas cores, em cada fã que imita os seus gestos em frente à televisão ou mesmo com amigos. Em cada momento em que alguém, num ringue qualquer, tente inspirar como ele inspirou.
Não estive lá para o ver ao vivo, mas vi o que ele fez por nós, fãs. Senti o impacto. Vivi a paixão. E, por isso, escrevo este texto com o coração apertado mas com gratidão.
Descanse em paz, campeão, e obrigado por tudo “Brother”.