
Hoje, dia 3 de maio, marca um momento crítico para a União Europeia e para o mundo. Os recursos naturais disponíveis para este ano se esgotariam se toda a população mundial consumisse ao ritmo dos países europeus, uma realidade considerada “insustentável e irresponsável” por organizações ambientalistas.
Com o tão falado “Dia da Sobrecarga do Planeta” chegando para a UE, mais de 300 organizações da sociedade civil estão a fazer um apelo urgente aos líderes da União Europeia para enfrentar as crises ambientais que se avizinham após as próximas eleições europeias.
Numa carta aberta, também assinada por organizações portuguesas como a Liga para a Proteção da Natureza (LPN), a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), a Associação Natureza Portugal/Fundo Mundial para a Natureza (ANP/WWF) e a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, os subscritores instam os líderes políticos a comprometerem-se com uma economia neutra em termos de impacto climático, com zero poluição e que promova a conservação da natureza.
Alertam que se todas as populações mundiais adotassem os padrões de consumo da UE, a humanidade começaria a consumir recursos a crédito a partir deste dia, utilizando recursos que só deveriam ser utilizados no próximo ano.
Este apelo surge num contexto de preocupantes recuos nas políticas ambientais nos últimos tempos, com algumas políticas sendo utilizadas para ganhos eleitorais a curto prazo, lamentam as organizações subscritoras.
É urgente que os decisores políticos aprofundem e acelerem o Pacto Ecológico Europeu, aumentem radicalmente os investimentos públicos em ações climáticas, ambientais e de justiça social, e fortaleçam a governação da UE, a democracia e a participação efetiva da sociedade civil, destacam.
As consequências desse consumo insustentável são vastas e graves, incluindo desflorestação global, perda de biodiversidade, colapso das reservas de peixes, escassez e poluição da água, erosão dos solos, poluição atmosférica e, claro, as alterações climáticas.
E as alterações climáticas já estão a causar fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes, com a Europa a enfrentar aumentos de temperatura duas vezes mais rápidos do que em outros continentes, alertam as organizações.
Com as eleições europeias à porta, os subscritores da carta destacam que este é o momento crucial para reverter a situação, tornando a crise tripla do planeta – alterações climáticas, perda de biodiversidade e poluição – uma prioridade política.
Portugal, embora tenha melhorado a sua classificação em relação ao ano anterior, ainda enfrenta desafios significativos. O país esgotará os seus recursos para este ano no próximo dia 28 de maio, um sinal claro de que são necessárias ações urgentes para garantir um futuro sustentável para todos.
Os dados são fornecidos pela organização internacional “Global Footprint Network”, que calcula o dia da sobrecarga do planeta. Este ano, o primeiro país a esgotar os recursos foi o Qatar, seguido pelo Luxemburgo, os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos. Os últimos países a esgotar os seus recursos serão o Equador e a Indonésia, em 24 de novembro.