Durante várias manhãs na semana, junto à igreja de Sezures, é possível encontrar Laurinda, uma mulher de 71 anos, que aproveita os primeiros raios de sol para lavar roupa no tanque público da freguesia. Para ela, este hábito é muito mais do que uma simples tarefa doméstica.

“Estou sempre ansiosa por chegar aqui. Às vezes, saímos de casa com um peso no coração, e parece que aqui, as energias negativas se vão com a água”, confessa Laurinda.

Frequentadora do tanque desde a infância, Laurinda recorda como, em tempos, estas estruturas eram fundamentais no dia a dia da comunidade. “Antes, as pessoas lavavam a roupa onde houvesse água: nos rios, nas poças ou nos lavadouros. Eram lugares de trabalho, mas também de convívio.”

Hoje, o tanque é para Laurinda um lugar de memórias e de conexão com o passado. “É um património da terra e das suas gentes que quero manter vivo”, diz com convicção.

A simplicidade do seu gesto tornou-se num exemplo de como tradições antigas ainda encontram espaço na vida moderna, preservando histórias e significados que não devem ser esquecidos.