No passado dia 29 de abril, o Consulado de Portugal em Sevilha foi palco de um evento que abordou a importância económica e social da tauromaquia, tanto em Espanha como em Portugal. Organizado pelo Consejo Empresarial Andalucía Portugal, em parceria com o Consulado de Portugal, o evento contou com a participação de diversas personalidades do setor taurino, incluindo ganaderos e especialistas, para uma análise profunda sobre o impacto desta tradição cultural.

A sessão, que teve lugar no prestigiado Salão Nobre do Consulado, foi aberta pela Cônsul-geral de Portugal em Sevilha, Cláudia Boesch. A diplomata saudou os presentes e destacou a relevância do evento para o estreitamento das relações culturais e económicas entre os dois países, ambos com uma forte ligação à tauromaquia. Em seguida, José Luís Cobián, Presidente do Consejo Empresarial Andalucía Portugal, sublinhou a importância de se debater o futuro da tauromaquia, que vai muito além das arenas e das touradas, refletindo-se também em questões económicas e sociais.

A moderação do evento esteve a cargo de Lorenzo Clemente, Presidente da Comissão Jurídica da Fundación Toro de Lidia, que iniciou o debate com um retrato detalhado da tauromaquia em Espanha. Clemente apresentou dados significativos sobre o setor, revelando a sua dimensão económica e o papel que desempenha na cultura e na economia do país vizinho.

Seguiu-se a intervenção de Hélder Milheiro, Consultor e antigo Secretário-geral da Protoiro, que trouxe ao público uma análise crítica sobre a tauromaquia portuguesa. Milheiro desmistificou alguns mitos recorrentes sobre a prática em Portugal, antes de apresentar dados que evidenciam o impacto económico e social da tauromaquia no país, ressaltando a sua contribuição para a preservação de paisagens e tradições, bem como para a geração de emprego em várias regiões.

Javier Moya, ganadero espanhol, focou-se na economia que rodeia a criação do toiro bravo. A sua intervenção foi particularmente esclarecedora sobre as mais-valias desta atividade, assim como os desafios que os criadores enfrentam diariamente, nomeadamente as dificuldades económicas e as questões relacionadas com o bem-estar animal.

Rafael Peralta, também ganadero, abordou a ligação histórica e cultural entre Portugal e Espanha através da tauromaquia, destacando a importância da cultura equestre, que une os dois países. A sua análise focou-se nas evoluções técnicas da tauromaquia, que, nas últimas décadas, se tornaram uma mais-valia no sector taurino, especialmente na criação de toiros e no treino dos cavaleiros.

Na última parte do evento, os oradores discutiram formas de potenciar o valor económico e social da tauromaquia, alertando para a necessidade de uma maior profissionalização do setor e para a melhoria do “produto cultural taurino”. As intervenções incidiram sobre a importância de preservar a tauromaquia como um património cultural, mas também sobre as estratégias para enfrentar os desafios contemporâneos do setor.

O evento terminou com uma ronda de perguntas por parte da audiência, que contou com figuras de destaque no mundo taurino, como os matadores de toiros Dávila Miura e Pedrito de Portugal, e o ganadero Manuel Passanha Sobral. A sessão foi encerrada com um cocktail nos jardins do Consulado, onde os participantes continuaram as conversas sobre o futuro da tauromaquia em ambos os países.

Este encontro evidenciou o compromisso de Portugal e Espanha em preservar e valorizar a tauromaquia, não apenas como uma manifestação cultural, mas também como um setor que contribui significativamente para as economias locais e nacionais, demonstrando a necessidade de adaptá-la aos tempos modernos, sem perder de vista as suas raízes históricas.