
A inflação alimentar continua a pesar no quotidiano dos portugueses, com destaque para a fruta, que registou a maior subida entre todos os bens essenciais. Em julho de 2025, os preços deste setor aumentaram 10% face ao ano anterior, segundo dados da DECO PROTeste.
Apesar de uma ligeira descida do cabaz alimentar global, alguns produtos registaram aumentos expressivos em poucas semanas. O tomate-chucha, a cebola e a alface frisada subiram quase 20%, refletindo a instabilidade que o clima extremo tem provocado nas produções agrícolas nacionais.
A situação é particularmente sentida no Algarve, onde a primavera rigorosa reduziu significativamente as colheitas. Perante a quebra de oferta, os comerciantes viram-se obrigados a ajustar preços em várias variedades, de modo a equilibrar perdas.
Entre os hortícolas, destaque para os brócolos, que lideraram a escalada recente. Só entre 13 e 20 de agosto, o quilo aumentou 59 cêntimos, marcando um acréscimo inesperado para os consumidores habituados a variações mais moderadas.
Apesar do aperto financeiro, muitos compradores continuam a privilegiar a qualidade em detrimento da quantidade. Essa preferência reflete uma mudança de comportamento: em vez de compras em massa, os consumidores procuram variedade e frescura, mesmo que isso implique percorrer mais bancas ou mercados locais em busca de melhores opções.
A tendência de subida nos preços alimentares encontra eco no debate sobre resiliência agrícola, dependência das condições meteorológicas e vulnerabilidade das cadeias de distribuição. Para os agricultores, o desafio está em adaptar-se a fenómenos climáticos cada vez mais imprevisíveis. Para as famílias, o dilema é conciliar orçamento com hábitos de consumo saudáveis.